Fenômeno "meteotsunami" causa estragos em pelo menos 20 municípios de Santa Catarina

Fenômeno "meteotsunami" causa estragos em pelo menos 20 municípios de Santa Catarina

Região de Tubarão foi a mais afetada causando a morte de uma criança

Jessica Hübler

Dezenas de veículos que estavam estacionados perto do mar foram atigindos por uma onda gigante

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Um fenômeno climático denominado "meteotsunami" atingiu o sul de Santa Catarina no último domingo e causou muitos danos em pelo menos 20 municípios do estado. De acordo com o coordenador regional da Defesa Civil houve destelhamentos em Balneário Gaivotas e Maracajá. Em Araranguá, uma onda invadiu a faixa de areia e arrastou sete veículos.Também houve danos materiais em casas e restaurantes próximos da orla. Outras regiões atingidas foram Barra do Torneiro e Balneário Rincão. 

Conforme o gerente de monitoramento e Alerta, Frederico Rudorff, fenômenos como o "meteotsunami" são raros, perigosos e geralmente ocorrem durante a passagem de linhas de instabilidade atmosféricas intensas. Rudorff explicou que, apesar dos ventos intensos, comuns durante as passagens de linhas de instabilidade, a ventania não é a causa do tsunami meteorológico, mas sim a combinação de fatores. “Como a perturbação da pressão atmosférica sobre o mar, a velocidade e a direção de deslocamento da tempestade em relação à linha de costa e a batimetria local, que podem gerar uma ressonância e uma amplificação da onda”, disse Rudorff.

No auge do temporal, 140 mil unidades consumidoras ficaram sem energia elétrica. Seis subestações das Centrais Elétricas de Santa Catarina (Celesc) foram atingidas, além dos estragos causados em postes e condutores. Até a tarde desta segunda-feira, apenas 10 mil unidades consumidoras tiveram o abastecimento normalizado.

Região de Tubarão foi a mais afetada 

Conforme levantamentos preliminares da Defesa Civil, a região de Tubarão foi a mais afetada. Segundo informações do coordenador regional de Tubarão, Anderson Martins, uma criança morreu devido à queda de uma árvore em cima de um carro e dois homens que estavam em um pequeno barco no Rio Tubarão estão desaparecidos.

Uma força-tarefa atua com 70 bombeiros e 17 viaturas em Tubarão, onde uma Sala de Situação foi montada no Corpo de Bombeiros Militar da cidade. O secretário Rodrigo Moratelli, e quatro coordenadores regionais atuam no local para avaliar danos e prejuízos. O governo do estado catarinense mobilizou as forças de segurança para apoiar nos trabalhos emergenciais na região sul. 

A Defesa Civil de Santa Catarina enviou um caminhão com 60 rolos de lona para Tubarão, que foram recebidas por 240 famílias. Em Criciúma e cidades do extremo-sul, a situação do atendimento foi praticamente normalizada. Entre as localidades que permanecem sem energia, estão as regiões de Orleans, Imbituba e Tubarão.

Não há previsão para o restabelecimento total. Em Orleans, um defeito na linha de transmissão da Celesc que interliga as subestações de Jorge Lacerda a Bom Jardim da Serra comprometeu o abastecimento elétrico à subestação de Orleans, atingindo sete mil unidades consumidoras.

Registros de mortes após temporal 

Assim que o evento climático foi registrado, o secretário de Estado da Defesa Civil, Rodrigo Moratelli, se deslocou para a região. Segundo ele, a maior quantidade de óbitos acontecem após a passagem do temporal, quando a população inicia o processo de reabilitação por conta própria. “As pessoas tentam consertar telhados, religar a energia elétrica e aí são expostas a um risco que não tem conhecimento e vem a óbito aumentando ainda mais essa crise e transformando num desastre”, disse Moratelli.

Na região de Imbituba, Laguna, Garopaba, Pescaria Brava e Imaruí, mais de 50 mil consumidores ficaram sem energia elétrica, por conta de um defeito na linha de transmissão da Eletrosul, que interliga as subestações de Jorge Lacerda a Palhoça. A Celesc e a Eletrosul trabalham em conjunto para recompor o sistema. Na região de Tubarão, cerca de 80% da rede elétrica de média tensão foi atingida, deixando fora de operação 10 dos 14 alimentadores principais por conta dos inúmeros danos no sistema. Ali, estavam sem energia 35 mil unidades consumidoras. A Celesc conta com mais de cem profissionais envolvidos na recomposição da rede.

Prioridade ajudar famílias prejudicadas

De acordo com o coronel Cesar Nunes, a prioridade é desobstruir as vias, apoiar o trabalho da Celesc para restabelecer a energia elétrica e ajudar as famílias que tiveram suas residências afetadas. “Essas ações são fundamentais para o restabelecimento de outros serviços como atendimento à saúde”, observou o Coronel. Em Santa Catarina houve registro semelhante nas praias do Pântano do Sul e da Armação, em 19 de novembro de 2009. Outros dois eventos similares aconteceram na praia do Cassino, no Rio Grande do Sul, em 1977 e em 2014.

O levantamento da Defesa Civil indica que há danos severos na rede de energia elétrica porque postes foram derrubados pelo vendaval, telhados e muros de residências avariados e galpões e prédios de pequenas empresas totalmente destruídos. As análises dos meteorologistas do Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina (Epagri/Ciram) indicam que até a próxima quarta-feira, uma massa de ar úmido e quente predomina no Estado, deixando as temperaturas altas, próximas dos 30°C na maioria das regiões, com pancadas de chuva por vezes acompanhadas de temporais com granizo e ventania, especialmente no Planalto Sul e Litoral Sul.

Defesa Civil alerta

Em nota oficial divulgada no início da tarde desta segunda-feira, a Defesa Civil de Santa Catarina informou que não confirmou nenhuma aproximação ou formação de tornado para a região Sul do Estado. Também não solicitou nenhuma evacuação. O órgão pede que todos acompanhem as informações oficiais no site e redes sociais da Defesa Civil e não acreditem em boatos que surjam nas redes sociais.

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