Fraport Brasil entrega nova pista do aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre

Fraport Brasil entrega nova pista do aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre

Cerimônia de inauguração aconteceu em um prédio na Zona Norte da Capital

Felipe Samuel

Inauguração reuniu autoridades e a CEO da Fraport Brasil, Andreea Pal

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Seis dias após o início das operações na pista ampliada de pouso e decolagem do Aeroporto Internacional Salgado Filho, a Fraport Brasil - que administra o terminal - realizou nesta quarta-feira, na Capital, a cerimônia inauguração da nova pista. Com mais 920 metros de asfalto, a extensão total passou para 3,2 mil metros, o que vai permitir operar voos de mais longo curso e aumentar o volume de carga transportada. A primeira aeronave a utilizar a nova pista foi o modelo A330-900, da TAP, no dia 19 de maio, que decolou com destino a Lisboa.

A entrega da nova pista encerra uma história de duas décadas envolvendo melhorias no aeroporto da Capital. O secretário Nacional de Aviação Civil, Ronei Glanzmann, que participou da solenidade em um prédio da Zona Norte, destacou a complexidade das obras para ampliação da pista e as dificuldades enfrentadas para a compactação do terreno. Ele salientou que a reformas da pista e o novo terminal de carga vão possibilitar que as aeronaves decolem "com carga completa".

"Haviam operações internacionais, mas os aviões saíam com limitação de peso e, às vezes, de passageiro. Um avião que poderia levar 300 passageiros levava só 200. E que poderia levar também 80, 90 toneladas de carga levava só 10 ou 20 toneladas. Então agora a gente consegue operar de Porto Alegre para esses mercados mais relevantes com a aeronave "full", que nós chamamos completa de passageiro, completa de carga, completa de combustível. E aí a gente consegue atender tanto o mercado cargueiro quanto o mercado de passageiros", explicou.

Na avaliação de Glazmann, a ampliação da pista vai permitir o escoamento da produção industrial. "O RS exporta muito calçado. E tem uma série de linhas de produção, de tecnologia, de produtos de alto valor agregado que são manufaturados aqui", frisou. Ao invés da maior parte da produção seguir para os aeroportos de Viracopos e Guarulhos, em São Paulo, de onde seguiam para mercados relevantes como Europa e EUA, agora essa carga vai poder ser processada a partir de Porto Alegre.

Conforme Glazmann, um avião que decola de Porto Alegre com destino a Lisboa consome cerca de 150 mil litros de combustível. Por conta da distância, aviões desse porte precisam de uma pista maior especialmente para as decolagens. "O pouso não é tão crítico, mas a decolagem é muito crítica. Aeroportos que estão localizados nas extremidades do mundo, mais distantes de mercados relevantes como a Europa, EUA e Ásia precisam de pistas maiores", completou. 

Apesar dos problemas causados na semana passada em função da neblina que atingiu a cidade, Glazmann garantiu que o aeroporto conta com equipamentos de auxílio às operações de pouso e decolagem, como o Instrument Landing System (ILS CAT II), que permite pouso com menor visibilidade, com em dias de chuva ou nevoeiro. "A pista de Porto Alegre tem infraestrutura equiparável às melhores do mundo, e não deixa nada a dever para os mercados da Europa, dos EUA e da Ásia", assegurou. 

O prefeito Sebastião Melo destacou a remoção das famílias que ocupavam a Vila Nazaré, na Zona Norte, e a construção de uma creche para as crianças que residiam na vila. "Agora estamos com outro desafio, porque aquelas famílias trabalhavam com reciclagem. Então a prefeitura está construindo um galpão, porque muitas dessas famílias estão reciclando dentro dos seus apartamentos. Esta é uma realidade do Brasil periférico", afirmou. E cobrou melhorias da Fraport para agilizar o trânsito no entorno do aeroporto. O governador Ranolfo Vieira Júnior destacou a integração entre os governos federal, estadual e municipal.

A CEO da Fraport Brasil, Andreea Pall, afirmou que o projeto de ampliação da pista era aguardado há 20 anos e ressaltou o apoio dos governos municipal, estadual e federal. E salientou os investimentos de R$ 1,8 bilhão. "Será possível realizar pousos e decolagens de aeronaves maiores com volume máximo de carga e passageiros. Será possível viajar 12 mil quilômetros, por exemplo, até o Canadá", destacou. Sobre os problemas enfrentados com a instalação de cancelas para disciplinar o acesso ao aeroporto, Andreea afirmou que o sistema está em fase de testes. "Ainda não funciona como deveria funcionar. Estamos trabalhando nisso, mas com certeza nossa intenção é melhorar", frisou.

A obra de ampliação da pista de pouso e decolagem foi realizada pelo Consórcio HTBM (formado pelas empresas HTB, Tedesco e a Construtora Barbosa Mello), que desde janeiro de 2018 atua em serviços de ampliação do Terminal de Passageiros 1 e na expansão dos estacionamentos. Conforme o consórcio, entre os trabalhos da pista, um dos mais complexos foi um sistema de drenagem de águas pluviais. Por conta disso, foi necessária a criação de um mecanismo dividido em cinco bacias de acumulação de águas da chuva, que consegue armazenar, ao todo, 1 milhão de m³ de água, o que corresponde a 406 piscinas olímpicas, em uma área de 422 mil m², ou 50 campos de futebol. 

A ampliação da pista vai permitir a operação de aeronaves de maior porte, como os modelos B777-300ER (11.120 km de autonomia e 300 toneladas de peso máximo de decolagem), B747-400 (13.450 km de autonomia e 397 toneladas) e B787-900 (13.950 km de autonomia e 253 toneladas), todos da Boeing, e o A330-900 (13.334 km de autonomia e 251 toneladas), da Airbus. 


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