Frio deixa atendimento pelo SUS em situação crítica na Capital

Frio deixa atendimento pelo SUS em situação crítica na Capital

Salas de observação e procedimentos se transformaram em enfermarias alternativas

Luciamem Winck / Correio do Povo

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A situação é crítica nas unidades de urgência e emergência dos principais hospitais conveniados ao Sistema Único de Saúde (SUS) em Porto Alegre nesta segunda. As salas de observação e procedimentos se transformaram em enfermarias alternativas, onde macas e cadeiras se avolumam e amontoam de modo a garantir o atendimento de um maior número de enfermos. O Setor de Emergência do Hospital Santa Clara, vinculado ao Complexo Hospitalar Santa Casa, operava nesta manhã com capacidade 340% superior à ideal. No Clínicas, a demanda superava a oferta em 133%. No Nossa Senhora da Conceição, o quadro era semelhante, com 112 pacientes aguardando a liberação de leitos em espaço idealizado para abrigar apenas 50.

A superlotação colabora para aumentar o estresse de médicos e profissionais da Enfermagem. No Hospital de Clínicas, são tantos os enfermos amontoados que, para tentar localizá-los, os médicos chamam pelos pacientes aos gritos enquanto caminham pelas unidades de atendimento, desviando das macas e das cadeiras, algumas de rodas, espalhadas pelos boxes e corredores. “As emergências destinadas a pacientes jovens e adultos vivem superlotadas, independentemente da época do ano, mas é entre os meses de maio e setembro que o quadro fica pior”, assinalou o chefe das Emergências Adultas do Complexo Hospitalar Santa Casa, Leonardo Fernandez.

Para Fernandez, quanto maior o número de pacientes a espera de leito em uma unidade projetada para atendimentos de urgência e emergência, maiores são os riscos de infecções e de agravamento do quadro de saúde. “Não temos como dar assistência adequada e atendimento de qualidade abrigando 35 pessoas em espaço destinado a oito”, comparou. A coordenadora do Setor de Emergência do Hospital Nossa Senhora da Conceição, Juliana Sommer, projeta uma situação de caos com a chegada do inverno. “É neste período do ano, com presença de frio e umidade, que se agravam as complicações respiratórias e as cardiopatias”, argumentou.

Para Juliana, o ideal seria que, entre maio e setembro, houvesse o aumento da oferta de leitos nos hospitais vinculados ao SUS. “Como há uma tendência de aumento das internações, o melhor caminho seria a geração vagas temporárias nas unidades de urgência e emergência”, enfatizou. O aconselhável, conforme Juliana, é que as pessoas evitem de andar desagasalhadas e de permanecer em locais fechados e com aglomeração de pessoas. “Adotando esse comportamento, minimizam os riscos de contraírem doenças oportunistas”, frisou.

A fim de evitar que as urgências e emergências fiquem ainda mais superlotadas, a orientação é de que as pessoas recorram inicialmente aos postos de saúde. O ideal é buscar atendimento em hospitais apenas em situações de extrema urgência e de riscos de morte. No Clínicas, os profissionais da Emergência não atendem consultas de otorrinolaringologista, oftalmogia, psiquiatria, traumatologia, ortopedia, intoxicações, picadas de animais peçonhentos e acidentes de causas variadas.

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