Funai apresenta lista com 14 exigências para aprovar licença de Belo Monte
Fundação faz parte do processo de licenciamento ambiental, mas sua decisão não tem poder de barrar licença
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A Funai faz parte do processo de licenciamento ambiental, mas sua decisão não tem poder de barrar a emissão da licença de operação requerida pela Norte Energia. Cabe ao Ibama definir se o empreendimento tem ou não condições de obter a autorização e, com isso, iniciar o enchimento de seu reservatório.
Por meio de nota, a Norte Energia informou que vem executando todas as ações previstas para o plano básico ambiental dos compromissos indígenas, mas que ainda não recebeu o parecer da Funai. "Quando recebê-lo, fará a análise e as considerações que se fizerem necessárias", declarou a empresa.
No relatório da Funai, técnicos da fundação afirmam que, a partir da avaliação técnica realizada sobre o processo de licenciamento da usina, há "diversas inconsistências, atrasos e descumprimentos, não sendo possível atestar a conformidade". O documento chama atenção para o não cumprimento de obrigações pelo empreendedor, ou cumprimentos parciais, "que resultam em violações de direitos e consequências para os povos indígenas".
A lista da Funai inclui itens genéricos, como "obras de infraestrutura nas terras indígenas devem ser corrigidas, considerando a obrigação de se observar a legislação ambiental e específica sobre obras, bem como valorizar os processos construtivos dos povos indígenas". Em outro item a fundação pede o "cumprimento de todos os acordos estabelecidos pelo empreendedor ao longo do processo". A proposta de elaborar um termo de ajuste de conduta partiu do presidente da Funai, João Pedro Gonçalves da Costa, em documento enviado à presidente do Ibama, Marilene Ramos, que ainda vai se manifestar conclusivamente sobre o assunto.
Na última terça-feira, em resposta ao pedido da Norte Energia, o Ibama não autorizou a emissão da licença de operação da usina, até que a concessionária atenda uma lista de 12 condições socioambientais que, segundo o órgão, ainda não foram cumpridas e, por isso, foram tratadas como "pendências impeditivas" para emissão do documento. A empresa respondeu que encaminharia até esta sexta-feira, todas as comprovações de que os 12 itens - que não incluem ações ligadas a condicionantes indígenas - foram plenamente atendidos.
Belo Monte está atrasada
A usina tinha que ter iniciado a geração de energia em fevereiro deste ano, conforme prevê seu contrato. As obras, no entanto, atrasaram por conta de uma série de paralisações e burocracias que, segundo a empresa, não podem recair sobre suas responsabilidades. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), porém, entende que a concessionária tem que
responder pelo atraso, inclusive financeiramente. O caso está na Justiça.
A empresa pediu oficialmente para iniciar sua geração em fevereiro do ano que vem, mas trabalha internamente com o plano de começar a entregar energia em novembro deste ano. Para isso, precisa iniciar o quanto antes o enchimento de seu reservatório.