Governo enviará dois aviões para repatriar brasileiros em Wuhan

Governo enviará dois aviões para repatriar brasileiros em Wuhan

Aeronaves serão enviadas na quarta-feira para repatriar pelo menos 30 cidadão brasileiros confinados na cidade chinesa

AFP e Agência Brasil

Segundo ministro da Defesa, grupo deve chegar no sábado ao Brasil

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O governo enviará na quarta-feira dois aviões para repatriar pelo menos 30 cidadãos brasileiros confinados em Wuhan, cidade chinesa epicentro da epidemia do novo coronavírus. Os repatriados permanecerão em quarentena em uma base militar em Anápolis (GO), a 80 km de Brasília. A informação foi dada nesta terça-feira pelos ministros Fernando Azevedo (Defesa) e Ernesto Araújo (Relações Exteriores), em coletiva de imprensa para explicar como será feito o resgate.  

"O presidente Jair Bolsonaro concordou em ceder as suas duas aeronaves VC-2, aeronaves reservas, [modelo] Embraer-190, com capacidade para 30 passageiros cada uma. Foi um gesto do presidente abrir mão das aeronaves", afirmou Fernando Azevedo. Segundo ele, a decisão de usar os aviões da Presidência da República foi tomada pelo próprio presidente para evitar a burocracia de uma licitação para fretamento de um voo e também por causa da precariedade da atual frota da Força Aérea Brasileira (FAB). As aeronaves cedidas dão apoio às viagens presidenciais, mas não são as utilizadas pelo presidente, que normalmente viaja em um avião maior, modelo Airbus.

"Os dois VC-2 decolam amanhã, às 12h, da Base Aérea de Brasília, com previsão de chegada em Wuham, na China na madrugada de sexta-feira, dia 7. O tempo que vão permanecer na China nós não sabemos, tem os procedimentos das autoridades chinesas e os nossos protocolos de saúde, e com previsão de chegada na madrugada de sábado, dia 8", acrescentou Azevedo. As duas aeronaves farão um total de quatro paradas técnicas de reabastecimento. Segundo o ministro da Defesa, após a partida em Brasília, as escalas serão feitas em Fortaleza, Las Palmas (Espanha), Varsóvia (Polônia) e Ürumqi (China), até o destino final em Wuhan (China).

Calcula-se que haja o total de 50 brasileiros em Wuhan. Até a tarde desta terça-feira haviam 29 brasileiros na lista para repatriação, sendo 24 brasileiros e 5 chineses, que são cônjuges ou pais dos cidadãos resgatados. Entre eles também há sete crianças. Esse número, no entanto, pode aumentar. "Os brasileiros que desejem retornar devem entrar em contato com a nossa embaixada em Pequim. Faremos tudo de acordo com os parâmetros do governo chinês", declarou o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo.

Quarentena

Antes de embarcar, as pessoas a serem resgatadas serão submetidas a exames médicos prévios. Quem apresentar sintomas compatíveis com o coronavírus não poderá viajar. Além disso, deverão assinar um termo de compromisso para se submeterem à quarentena no Brasil. Os procedimentos de saúde serão realizados por uma equipe de seis profissionais de saúde do Instituto de Medicina Aeroespacial da FAB e um médica especializada do Ministério da Saúde, que estarão nos voos de resgate.

Na Ala 2 - Base Aérea de Anápolis, todos os repatriados, além da tripulação e da equipe médica responsáveis pelo resgate, deverão se submeter à quarentena de 18 dias. A unidade militar, que pertence à FAB, possui dois hotéis, que serão utilizados durante o período de observação. Ela foi vistoriada por equipes do governo na tarde de hoje.      
"Aqueles que não tem sintomas ficarão numa área branca. Qualquer problema temos ainda condição de passar para uma área amarela, todos em apartamentos individuais e, caso necessário, passar para uma área vermelha, [que é a] evacuação aeromédica para o Hospital das Forças Armadas, em Brasília", explicou o ministro Fernando Azevedo. 

Emergência

O governo enviou nesta terça-feira um projeto de lei ao Congresso Nacional com ações de emergência para lidar com a epidemia, prevendo a quarentena dos repatriados e a hospitalização de pessoas que possam apresentar sintomas de coronavírus. No último domingo, um grupo de brasileiros radicados em Wuhan pediu expressamente ao governo que os ajudassem a sair da cidade, em vídeo no YouTube. 

Projeto de lei 

Em coletiva à imprensa na tarde de hoje, o secretário-executivo do Ministério da Saúde João Gabbardo dos Reis disse que o governo tem "alternativas" para medidas sanitárias contra o coronavírus caso o Congresso demore a aprovar o projeto de lei para prevenção, eventual enfrentamento da doença, repatriação e quarentena de cidadãos. 

"Não vamos fazer pressão sobre o Legislativo", disse ao assinalar que o PL vai ganhar prioridade conforme os comandos da Câmara dos Deputados e do Senado. 

Segundo o secretário de Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde, Wanderson de Oliveira governo dispõe arcabouço legal de normas de vigilância e até do Código Penal que regra o trabalho de prevenção e combate a epidemias e garante ao Estado instrumentos coercitivos de cumprimento de decisões sanitárias.

Reunião com secretários 

Na próxima quinta-feira, o Ministério da Saúde promove reunião com os secretários de saúde dos estados e das capitais, além da representação do conjunto dos 5.570 municípios brasileiros, para discutir o Coronários. 

Vão ser tratados planos de contingência, funcionamento de hospitais referência, logística para os exames em laboratório, licitação para contratação de leitos para eventuais atendimentos e rateio de custos.

O Brasil não registrou até o momento nenhum caso confirmado do novo coronavírus. Treze pessoas, consideradas casos suspeitos, estavam em observação nesta terça-feira. O coronavírus provocou até o momento 490 mortes, quase todas em Wuhan. 


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