Governo estadual cria comissão para combater trabalho escravo no RS

Governo estadual cria comissão para combater trabalho escravo no RS

Membros vão buscar conscientizar sociedade por punições mais efetivas

Leda Malysz / Correio do Povo

Membros vão buscar conscientizar sociedade por punições mais efetivas

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O Rio Grande do Sul oficializou, na segunda-feira, a articulação e combate ao trabalho escravo, com a criação da Comissão Estadual de Erradicação do Trabalho Escravo (Coetrae-RS), em cerimônia e ciclo de debates no auditório do Centro Administrativo Fernando Ferrari. Esta é a décima comissão estadual criada no Brasil, que reconheceu a existência de trabalho escravo em seu território em 1995, perante a Organização Internacional do Trabalho (OIT).

“Nesses 17 anos o Brasil combate a prática com mecanismos de referência internacional, como os grupos móveis de fiscalização, que viajam a fazendas ou centros urbanos, plano nacional de combate, pacto para erradicação do trabalho escravo e a criação da Lista suja, onde consta o cadastro de empresários flagrados praticando o trabalho escravo”, analisou Luis Antonio Machado, do Projeto Nacional de Combate ao Trabalho Escravo da OIT. Os integrantes da lista sofrem inclusive sanções econômicas, com a negativa de empréstimos assegurada pelo conselho monetário nacional.

Mas as entidades ligadas à defesa do trabalhador e direitos humanos querem mais. “Precisamos que a sociedade ajude a identificar os casos, reconhecer sua violência e cobrar uma punição mais efetiva”, reivindicou Machado. Mesmo a prática sendo entendida como criminosa, até hoje ninguém foi preso no Brasil pelo delito, apesar de mais de 3 mil pessoas serem resgatadas todo ano em território nacional vivendo em condições degradantes de trabalho ou sob cerceamento de liberdade. Aqui, leia-se trabalhadores levados a isolamentos geográficos, controlados por capangas ou retenção de documentos ou até, mais comum, a imputação de dívidas que contraem comprando artigos com preços bem acima do mercado em estabelecimentos pré-definidos.

Nas condições degradantes, o cenário é de alojamentos sem água potável, alimentação precária, sem descanso semanal e jornadas exaustivas. “Eles não imaginam que a empreitada é uma cilada. Buscam por um serviço fechado para juntar dinheiro e poder voltar e acabam presos”.

Com o intuito de cobrar a punição efetiva, o primeiro ato da comissão foi apoiar oficialmente a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição que determina a expropriação de terras onde for constatada exploração de trabalhadores em condições análogas à da escravidão. A PEC será votada nesta terça na Câmara dos Deputados, onde enfrenta dificuldades para conquistar o apoio necessário para passar no pleito.

A Coetrae-Rs está composta pela PGE, secretarias da Justiça e Direitos Humanos; do Trabalho e Desenvolvimento Social; de políticas para as Mulheres; do Meio Ambiente; da Agricultura, Pecuária e Agronegócio e do Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo.


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