Governo faz reintegração de posse de área na ERS 118, em Sapucaia do Sul

Governo faz reintegração de posse de área na ERS 118, em Sapucaia do Sul

Retirada das cerca de 370 construções deve terminar em duas semanas

Franceli Stefani

Governo faz reintegração de posse de área na ERS 118

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O governo do Estado iniciou nesta quarta a operação de reintegração de posse em uma área de cinco quilômetros na ERS-118, em Sapucaia do Sul, na Região Metropolitana. O mandado, cumprido por agentes da Brigada Militar e oficiais de Justiça, começou nas primeiras horas da manhã na altura do quilômetro cinco da rodovia. A expectativa da organização é de que a retirada das cerca de 370 construções e cerca de 720 pessoas seja finalizada no decorrer de duas semanas.

De acordo com o comandante da Brigada Militar de Sapucaia do Sul, tenente-coronel Vladimir Luis Silva da Rosa, são construções de todos os tamanhos, desde residências até alguns prédios destruídos. Segundo ele, essa é uma das maiores reintegrações já realizadas no Rio Grande do Sul. Ele enalteceu que nem mesmo para a ampliação da rodovia 101 foi dessa maneira. Ambos os lados há construções sendo removidas. "Tudo ocorreu de forma tranquila, não houve nenhum confronto durante o cumprimento da missão", disse. Como houve reuniões, além de diversas conversas com os moradores, a grande maioria já se retirou na área. "Trabalharemos de forma ininterrupta de segunda a sábado, junto com os oficiais de Justiça e Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR), porém é importante salientar que a Brigada Militar permanecerá 24 horas por dia na região", explicou.

Devido ao fluxo intenso de veículos, há um cuidado redobrado na região. Conforme o governo do Estado essa força-tarefa é necessária para dar sequência às obras de duplicação da 118, que deverão ser finalizadas até o fim do ano. Enquanto as máquinas destroem o que um dia foi uma residência, moradores tentam agir com rapidez para tirar seus pertences antes da chegada da equipe. A doméstica Magda da Silva Menezes, 58 anos, conseguiu alugar uma casa em Esteio, cidade próxima. Enquanto carregava o caminhão com seus pertences, contou que sai da casa própria para pagar aluguel. "É o que a gente tem, mas com fé em Deus, as coisas vão melhorar. Estou muito triste, a gente está sem dinheiro e não temos para onde ir", falou ela, que há 12 anos comprou a residência.

Os irmãos Cleidionir Lacerda Gabriel, 54 anos, e Rubens Joaquim Gabriel, 67 anos, trabalham há 40 anos em uma borracharia às margens da rodovia e vivem o mesmo drama. Agora, aos poucos, tentam organizar o pensamento para saber como recomeçar. Rubens, quando soube da ação, tratou de conseguir um lugar para a filha, genro e o neto. "Eles foram para Gravataí, porque a gente acha que não é bom para uma criança ver isso", contou. Já Cleidionir, ainda não retirou tudo de dentro da casa onde mora. "Hoje, nem tenho onde deixar os meus gatos. Estou vendo o que fazer", desabafou.

Os animais também sofrem com o descaso, já que muitos cães e gatos foram deixados para trás. É o que conta o metalúrgico, Paulo da Silva Joaquim, 57 anos. Vizinho de famílias que precisaram buscar um novo lar, diversos cachorros de estimação ficaram nos restos do que um dia foi uma residência. "O que mais tem é bicho por aí, ficaram. Em uma das casas tinha três, um eu fiquei, outro o vizinho e o terceiro sumiu", explicou.

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