Governo pode trazer máscaras da China em 50 voos comerciais

Governo pode trazer máscaras da China em 50 voos comerciais

Operação inclui 240 milhões de itens comprados pelo Ministério da Saúde

AE

Ministério da Saúde comprou 240 milhões de máscaras na China

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Com pressa por conta do avanço da pandemia do novo coronavírus, o governo prepara uma “operação de guerra” para trazer, de forma mais rápida, as 240 milhões de máscaras que o Ministério da Saúde está comprando na China. 

Poderão ser contratados de 20 a 50 voos em aviões comerciais para buscar os produtos, segundo informações do jornal O Estado de S. Paulo. De acordo com fontes do governo, seriam necessárias de 15 a 20 aeronaves distintas para a operação que, em volume, é considerada a maior compra governamental do exterior da história – são quatro mil metros cúbicos e 960 toneladas. 

Outra opção seria usar aviões da Força Aérea Brasileira (FAB), mas a avaliação é que as aeronaves da força são menores e demandariam mais voos, o que custaria mais aos cofres públicos. Mesmo em aviões comerciais, os voos poderiam ganhar status de “voo de Estado”, o que implicaria em maior segurança e menos burocracia no transporte da carga.

A operação é encabeçada pelo Ministério da Infraestrutura com o envolvimento de vários órgãos, inclusive a Controladoria Geral da União (CGU). A pasta da Infraestrutura já começou a fazer cotações com empresas aéreas. Uma das interessadas é a Latam, que poderá ter preferência, por ser brasileira.

Itinerário

O Itamaraty estuda agora onde seria o melhor local para que as aeronaves façam escalas. Israel, Dubai e Nova Zelândia são os destinos mais prováveis no momento. Os aviões precisam parar para reabastecer, mas a maior dificuldade é que a carga transportada é cobiçada por vários países neste momento e poderia ser interceptada.

A preocupação aumentou depois de depois de uma carga de respiradores comprada pelo governo da Bahia ter ficado retida em Miami (EUA). O negócio foi cancelado pela empresa fornecedora e a suspeita é que o material tenha sido destinado para uso no país norte-americano.

Por conta disso, os aviões brasileiros devem evitar paradas nos Estados Unidos e também na Europa, que foi fortemente impactada pela pandemia.  A expectativa é que cada voo leve cerca de 40 horas. Usualmente, uma carga com esse volume seria transportada por navio, mas isso levaria até 45 dias, um prazo que o governo não pode esperar no momento.

Compras

Na última sexta-feira, o governo publicou no Diário Oficial da União o extrato de dispensa de licitação informando a compra de 200 milhões de máscaras cirúrgicas e 40 milhões de máscaras N95 com filtro, no valor de R$ 694,320 milhões. O produto é essencial para proteger profissionais de saúde no atendimento a suspeitos e infectados por coronavírus.

A compra já foi publicada no Diário Oficial da União, mas ainda não foi confirmada pelo fornecedor. O contrato foi firmado com uma empresa de Wuhan, onde iniciou a epidemia de coronavírus. O embarque da mercadoria será no aeroporto de Guangzhou.

Apesar dos contratos, não há a certeza de que os produtos chegarão. Em entrevista coletiva na semana passada, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, disse que a pasta fez a compra e espera a China “pacificar o mercado” para buscar os produtos. “Quando o mundo acabar dessa epidemia, eu espero que nunca mais o mundo cometa o desatino de fazer 95% da produção de insumos que decidem a vida das pessoas em um único país”, declarou o ministro.

Até agora, contratos para a compra de medicamentos e insumos de saúde eram feitos já com o frete incluído. Com a pandemia, no entanto, os países passaram a ser responsáveis por buscar os produtos na China, o principal fabricante mundial. 


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