Greve é marcada pela ampla adesão dos agentes de segurança do RS

Greve é marcada pela ampla adesão dos agentes de segurança do RS

Houve piquetes e protestos em frente a vários batalhões da Brigada Militar

Correio do Povo

Em Lajeado, servidores realizaram um churrasco durante a paralisação

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O segundo dia de greve dos servidores estaduais gaúchos, motivado pelo novo parcelamento dos salários, foi marcado pela forte mobilização dos funcionários da área de segurança. Houve piquetes e protestos de policiais militares, civis e agentes da Susepe em diversas cidades do Estado.

Em Lajeado, representantes dos bombeiros, policiais civis e policiais militares cruzaram os braços desde o começo do dia. Foi organizado um churrasco em frente ao quartel do Batalhão de Operações Especiais da Brigada Militar. Eles chegaram a interromper o trânsito. Em Passo Fundo, Policiais Militares do 3º Regimento de Polícia Montada (RPMon) e do 3º Batalhão de Operações Especiais (BOE) da Brigada Militar ficaram aquartelados.

O presidente da Associação dos Sargentos, Subtenentes e Tenentes da Brigada Militar, em Passo Fundo, José Luiz Zibetti disse que a orientação é pelo aquartelamento, mas destacou que não existe a obrigatoriedade. Para Zibetti a situação é desrespeito, ressaltando que a Brigada Militar se tornou uma panela de pressão que pode explodir a
qualquer momento. O comandante do 3º RPMon da Brigada Militar, tenente-coronel André Idalmir Savian Juliani, disse que a unidade não está parada. Segundo ele, guarnições estão fazendo o policiamento normal na cidade.

Em Canoas, a entrada do 15º BPM foi bloqueada por uma manifestação organizada pela Associação dos Policiais Militares do Estado do Rio Grande do Sul (APM/RS) e com apoio até do Cpers/Sindicato. Em outras cidades da Região Metropolitana, a situação foi idêntica. O presidente da APM/RS, Dalvani Albarello, alertou que o abalo emocional, com o pagamento parcelado dos vencimentos, é muito grande na categoria. “É inadmissível não ter salário”, desabafou.

Na Capital, a maioria das unidades da BM amanheceu com seus portões bloqueados. No 1º Batalhão de Operações Especiais (1º BOE), no bairro Partenon, a AESPPOM/RS, que representa as esposas dos brigadianos, montou um acampamento por tempo indeterminado que impediu a saída do efetivo. No 9º BPM, na avenida Praia de Belas, um piquete também não deixou as viaturas deixarem o local. O presidente da ASSTBM, que representa sargentos, subtenentes e tenentes, Aparício Santellano, entende que o governo “não se deu conta da gravidade da situação” provocada nos servidores públicos.

Com isso, um grupo de 15 alunos oficiais da Academia de Polícia Militar (APM) da Brigada Militar (BM) teve que ser enviado para realizar o policiamento ostensivo no Centro de Porto Alegre. Segundo o presidente da Abamf, que representa os soldados, Leonel Lucas, eles tiveram de caminhar a pé desde a sede da APM - na avenida Aparício Borges no bairro Partenon - que tinha um piquete montado na entrada principal.

Já no 4º Regimento de Polícia Montada (RPMon), também na avenida Aparício Borges, os familiares dos policiais militares deitaram-se no chão, na entrada do batalhão, para impedir a saída do efetivo a cavalo, contou Leonel Lucas. Ele avaliou como um sucesso o movimento em seu primeiro dia. “No Interior, todas as cidades tiveram mobilizações”, comemorou.

O presidente da Abamf observou que circularam apenas as viaturas que já estavam rodando na madrugada e ficaram no lado de fora dos quartéis. 

Comando da BM nega aquartelamento

No final da manhã desta terça, o comandante-geral da Brigada Militar (BM), coronel Alfeu Freitas, negou que policiais estejam aquartelados no Rio Grande do Sul. De acordo com Freitas, 90% dos policiais militares (PMs) escalados para trabalhar na manhã desta terça-feira, no Estado, saíram para as ruas. Os casos em que o os efetivos não conseguiram deixar os quartéis ocorreram por conta dos piquetes em frente aos batalhões.

Alfeu Freitas afirmou ainda que não teve nenhuma informação de policial que tenha se recusado a trabalhar nesta terça-feira. “Não existe tropa aquartelada. Tropa aquartelada é aquela que se recusa a sair. Não chegou ao meu conhecimento ainda nenhuma desobediência, nenhuma ação de policial militar se recusando a trabalhar. Na grande maioria dos quartéis, os batalhões conseguiram liberar o efetivo para a atividade fim da Brigada Militar que é a polícia ostensiva”, afirmou.

Policiais Civis também cruzaram os braços

Os policiais civis também paralisaram os serviços, com adesão total dos agentes e delegados. Estão suspensas investigações, operações e capturas, sendo realizadas somente atendimento de casos graves nas delegacias. 

Agentes da Susepe aderem à greve

A paralisação teve adesão total dos agentes penitenciários. Em Porto Alegre, na rua Padre Todesco, no bairro Partenon, a Divisão de Segurança e Escolta (DSE) não transportou nenhum preso desde o início do movimento. Na manhã desta terça, todas as viaturas furgões encontravam-se estacionadas no pátio. De acordo com o presidente da Amapergs  Sindicato, que representa a categoria, Flávio Berneira, a paralisação inclui também a restrição na visita dos familiares, sendo reduzida para apenas uma pessoa. Conforme o dirigente, os serviços essenciais foram mantidos nos mais de 100 estabelecimentos prisionais, como alimentação e atendimento médico, mas as demais atividades foram suspensas pela  categoria que montou piquetes nos portões.

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