Grupo cria Pink Bloc e satiriza repressão policial nos protestos

Grupo cria Pink Bloc e satiriza repressão policial nos protestos

Manifestantes defendem direitos dos homossexuais e criticam violência contra mulheres

AE

Grupo satiriza repressão policial nos protestos

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Em vez de violência, amor. Reunidos na internet recentemente, o grupo de mascarados Pink Bloc em quase nada se assemelha aos black blocs (adeptos de uma estratégia de manifestação e protesto anarquista), que dividem opiniões por destruir patrimônio público e privado como forma de posicionamento político. A não ser pelos rostos cobertos. Mas no lugar da camiseta preta entrou a cor-de-rosa.

Eles não têm por que se esconder, como se viu na 18ª Parada do Orgulho Gay no Rio de Janeiro, nesse fim de semana. "A camiseta no rosto é uma forma de despersonalizar a questão. Não estamos defendendo uma agenda pessoal. Não é, de forma alguma, um desejo de se esconder, e sim uma performance", afirmou o economista Eduardo Sá, um dos fundadores do grupo.

Com o "glittervandalismo", Sá e outros 30 pink blocs tornaram-se a grande novidade da parada. Não se trata de um grupo coeso, e sim "amigos dos amigos", de diferentes profissões, homossexuais e heterossexuais, que têm entre 20 e 30 anos e que compartilham o desejo de lutar contra "o patriarcado, o machismo, a homofobia, a transfobia e as organizações opressoras da felicidade humana", de acordo com o Manifesto.

Eles não sabiam, por exemplo, que existem outros pink blocs pelo mundo. Na rede social Facebook, há grupos na França e no Egito. O uso do humor é uma marca. "O Pink Bloc é organizado de forma horizontal, descentralizada, vertical, de frente e de costas", brinca o radialista e videomaker carioca Rafucko, outro integrante, no manifesto publicado na página que mantém na internet.

"A corporação policial do Rio de Janeiro tem, por meio de suas ações, um papel opressor e repressor. Repudiamos qualquer tipo de violência, apesar de acharmos que seus bumbuns ficam lindos naqueles uniformes", continua. Os pink blocs já haviam participado de protestos de rua realizadas nos últimos quatro meses, mas de forma mais discreta. Como outros manifestantes, foram alvo da repressão abusiva da polícia.

"Em outras manifestações, a gente cantou músicas anti-homofobia. O pessoal olhava, mas respeitava, dizia que éramos corajosos. Nunca teve hostilidade. Não temos problema se nos associam aos Black Blocs, pois não é um grupo criminoso. A ideologia é parecida, mas prefiro agir de outra forma. Não quebro vidros", conta Rafucko.

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