Helicópteros jogam flores em despedida às vítimas de chacina
Emoção de familiares e amigos marcou as cerimônias na zona Oeste da cidade
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Crianças trouxeram flores em homenagem aos 12 colegas mortos no massacre. A previsão era de que cinco alunos seriam sepultados no cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap, e quatro no Cemitério do Murundu, em Realengo. Três corpos permanecem no Instituto Médico Legal (IML). O do atirador Wellington Menezes de Oliveira, de 23 anos, é o único que ainda não foi reconhecido pela família.
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Um dos enterros em Murundu era de Laryssa Silva, de 13 anos. "Esse desgraçado destruiu nossa família. Não tem coração. O que ele fez foi horrível", lamentou Jackson da Silva, padrinho de Laryssa. As cenas de tristeza e desespero se repetiam entre os familiares. "Por que ela, por que ela?", gritava, desconsolada, uma avó que enterrava sua neta, enquanto algumas pessoas a seguravam para que não caísse.
A mãe de Mariana Rocha de Sousa, de 13 anos, chegou a desmaiar ao se aproximar do túmulo em que foi colocado o caixão de sua filha. Ambulâncias e carros de bombeiros foram enviados aos cemitérios para atender a eventuais emergências durante as cerimônias.
O corpo de Ana Carolina Pacheco da Silva, de 13 anos, foi reconhecido pelo pai, Raimundo Freitas da Silva, e será cremado. Silva, que é militar reformado, chorou muito ao lembrar da menina, a quem chamava de "princesinha". "Ela gostava muito de ir à escola, eu dava duro com ela para que fosse alguém na vida quando crescesse. Agora fica difícil, como vai ser a minha vida no aniversário dela, no Natal? Cada palavra de alento é como se fosse -uma punhalada", disse. "Não quero que nenhum pai passe pela dor que estou sentindo", acrescentou Silva, que tem outros quatro filhos.
Ele criticou a falta de segurança na escola e disse que deveria haver detectores de metal nas portas para evitar situações como esta. O corpo de Igor Moraes da Silva, de 13 anos, também foi reconhecido pela família, mas o horário e o local do enterro não foram divulgados.
Familiares passaram mal no momento do enterro das vítimas. | Foto: Vanderlei Almeida / AFP / CP
Segurança
O secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, e o prefeito da capital fluminense, Eduardo Paes, compareceram às cerimônias de despedida, em Sulacap e em Realengo. A presidente Dilma Rousseff viaja neste fim de semana para a China e não tem previsto, até o momento, ir ao Rio para participar nas cerimônias fúnebres.
Segundo Beltrame, as investigações, os depoimentos e a perícia revelam que o massacre foi um ato isolado. "Isso foi uma ação de uma pessoa doente que infelizmente cometeu essa monstruosidade." Questionado sobre se teme por uma possível repetição do episódio, o secretário foi enfático: "Dizer que isso nunca vai acontecer é leviano. Em segurança pública, nós acompanhamos e monitoramos para antecipar ações", disse Beltrame. Ele defendeu ainda a rediscussão do Estatuto do Desarmamento.
Com informações da AFP e AE