Higienização de carrinhos de supermercados já era prevista em lei do ano passado

Higienização de carrinhos de supermercados já era prevista em lei do ano passado

Na época, legislação causou polêmica entre o setor, que alegava aumento das despesas

Gabriel Guedes

Proposta causou polêmica em 2019 por conta do aumento das despesas no setor

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Com a Covid-19, uma das primeiras orientações adotadas pelos supermercados foi a higienização dos carrinhos e cestos de compras. Em maio, junto com o decreto 55.240 do Governo do Estado, a medida foi instituída oficialmente junto com o Distanciamento Controlado em todo Rio Grande do Sul. Mas em Porto Alegre, meses antes da pandemia, a cidade já possuía uma legislação específica para o assunto. Na época, o vereador José Freitas (Republicanos), autor do texto da lei, não imaginava que seria tão útil no momento atual. 

Segundo o parlamentar, foi baseado em uma reportagem da agência de notícias Reuters sobre a grande quantidade de bactérias encontradas nos carrinhos de supermercados, com base em uma pesquisa feita na Coréia do Sul. Na ocasião, Freitas defendeu que a situação caracterizava grave risco à saúde dos clientes e em nada contribuia com a pretensão de oferecer alimento seguro para a sociedade. A legislação causou polêmica com o setor na época, que alegava aumento de despesas, mas que nunca foi autuado por isso, segundo a Prefeitura da Capital.

A lei municipal 12.568/2019, determina que os hipermercados, supermercados, atacados e os estabelecimentos similares a higienizarem os carrinhos e os cestos de compras disponibilizados aos clientes. Também prevê a proibição de transporte de crianças nos carrinhos de compra sem assento específico. Quem descumprisse ficaria sujeito às sanções previstas no Código Municipal de Saúde de Porto Alegre. 
“Hoje, a higienização é só onde as pessoas manuseiam. Mas a lei previa higienização completa”, garante o vereador. Sobre as crianças nos carrinhos, Freitas afirma que a responsabilidade de cumprimento é do próprio mercado tem que fiscalizar crianças dentro do carrinho. “Hoje, com a pandemia, a gente não vê isso, mas acontecia”, revela.

A coordenação de Vigilância de Alimentos da Vigilância em Saúde de Porto Alegre afirma que surgiu uma diferença na aplicabilidade da lei com a pandemia do novo coronavírus. De acordo com órgão, antes, a higiene dos utensílios não ocasionava risco direto aos alimentos comprados no supermercado. 

Agora, com a pandemia, os cuidados com as superfícies de toque têm sido intensificados para proteger as pessoas que estão usando o cestinho ou carrinho. “O foco mudou devido ao novo cenário, e não seria mais o alimento, mas as pessoas. Decretos tanto estaduais quanto municipais trazem essa questão da higienização das superfícies de toque como essenciais neste momento”, informaram em nota, por da Secretaria Municipal de Saúde.

Freitas reconhece a polêmica causada na época. “A crítica foi geral e os empresários, dizendo que teriam um custo maior. Foi alvo de críticas inclusive do presidente da Agas (Associação Gaúcha de Supermercados). E hoje são obrigados”, pontua. 

Para o presidente da entidade supermercadista, Antonio Longo, a questão está superada e a higienização é um procedimento totalmente já absorvido pelas empresas. “A higienização constante de carrinhos e cestinhos é uma prática completamente incorporada aos processos operacionais dos supermercados", coloca Longo, que lembra dos consumidores cada vez mais exigentes. 
"Além de quaisquer legislações sobre o tema, a exigência do consumidor, cada vez mais atento a sua segurança sanitária, determina que as empresas atuem constantemente na higienização de seus carrinhos e cestos de compras”, ressalta.


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