Hospitais da Ulbra transferidos para a União abrigam sucatas, mofo e baratas

Hospitais da Ulbra transferidos para a União abrigam sucatas, mofo e baratas

Rádio Guaíba conferiu com exclusividade situação do Luterano e do Independência. Veja fotos

Renata Colombo / Rádio Guaíba

Interior do prédio foi pintado e parcialmente limpo

publicidade

A reportagem da Rádio Guaíba teve acesso exclusivo, na tarde desta quinta-feira, às dependências dos hospitais Luterano e Independência, da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra), em Porto Alegre, fechados há quase dois anos. A equipe, acompanhada de um oficial de Justiça e do técnico em Engenharia Clínica Pierri Brandão, conferiu as condições de infraestrutura dos prédios e a situação dos equipamentos. Os hospitais foram incorporados ao patrimônio do governo federal, que passa a ser responsável por definir os moldes de gestão.

Desde o acesso ao Hospital Luterano, localizado no bairro Rio Branco, já se percebia a situação de completo abandono do prédio. Apenas um vigia toma conta do local. Ele contou, durante a visita, que abriu portas e janelas na tentativa de diminuir a criação de mofo e o mau cheiro dentro dos cômodos. A casa de saúde atendia pacientes de convênios e particulares e deve se transformar em uma extensão do Hospital de Clínicas.

No local, o cheiro é forte e o mofo está nas paredes e no chão de todos os setores, inclusive onde funcionava o bloco cirúrgico, UTI e maternidade. Há infiltração de água nas paredes e tubulações. A água também verte das lâmpadas, formando poças pelos corredores. A sujeira acumulada também atrai aranhas e baratas. Cupins tomam conta dos móveis e esquadrias de madeira das portas internas.

O que sobrou dentro da estrutura também está abandonado: poucos equipamentos foram deixados no Luterano e, o que resta, virou sucata. É o caso de dois aparelhos de Raio-X e um de ressonância magnética, considerados ultrapassados. Enquanto isso, macas modernas, mas enferrujadas, foram depredadas e servem como depósito de objetos velhos do hospital. Na avaliação do técnico, de todo o material encontrado, podem ser aproveitados apenas equipamentos de foco cirúrgico e hemodinâmica.

Já no Hospital Independência, no bairro Jardim Carvalho, dois guardas e um cachorro fazem a segurança. Em razão da possibilidade de reabertura da casa, anunciada pelo Ministério da Saúde em setembro, o interior do prédio foi pintado e parcialmente limpo. Desde o fechamento, há quase dois anos, restaram equipamentos em bom estado, apesar de insuficientes, como ultra-som, desfibriladores, carros de parada, ventiladores, medidores de oxigênio e pressão. No Independência, as macas, de modelos mais avançados, não foram depredadas.

Durante a vistoria, Brandão chamou atenção para a grande quantidade de equipamentos importados nos dois hospitais. A ala onde funcionava o setor de hemodiálise do Independência, no entanto, passou a abrigar os equipamentos sucateados, servindo também como depósito de documentos e prontuários de antigos pacientes dos hospitais da Ulbra.

O Ministério da Saúde informou que só vai definir o modelo de gestão para o Independência depois que a transferência do imóvel para a União for concluída. O órgão também garantiu que o governo federal vai arcar com reformas e a compra de equipamentos para a instituição. Já o Hospital de Clínicas espera uma manifestação do Ministério da Educação para tomar posse do Luterano. Mesmo sem constatar a precariedade do local, a direção já descartou a reabertura total da casa ainda em 2011.

Bookmark and Share

Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895