IBGE realiza censo com refugiados em Porto Alegre

IBGE realiza censo com refugiados em Porto Alegre

Venezuelanos acolhidos pela organização Aldeias Infantis SOS foram entrevistados

Felipe Uhr

Jairo e a esposa foram entrevistados pelos recenseadores do IBGE

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Recenseadores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estiveram, na tarde desta quinta-feira, no centro de acolhida Aldeias Infantis SOS em Porto Alegre realizando o censo 2022 entre refugiados. O Aldeias, situado no bairro Sarandi, acolhe 11 famílias venezuelanas que chegaram este ano na capital gaúcha.

“São pessoas contadas como moradoras do Brasil. E o censo conta todos os habitantes do país, brasileiros ou estrangeiros. Fazemos as mesmas perguntas para qualquer cidadão”, explica o coordenador técnico do Censo no RS, Cláudio Sant’Anna. A ação do IBGE é fruto de parceria com a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) no Brasil para que as pessoas refugiadas e residentes em diferentes abrigos parceiros estejam contempladas no Censo. “A ONU tem todo interesse que os refugiados sejam recenseados, então, temos esse cuidado de não deixá-los de fora”.

Sant’Anna também observa o aumento de entrevistados de outras nacionalidades. “Tem muitos haitianos e senegaleses que vieram para cá e são recenseados”, disse. No acolhimento, eles ganham moradia e alimentação gratuitas ficando nesta situação até conseguirem uma fonte de renda. “Eles chegam e são recebidos por uma equipe de saúde. As crianças vão para a escola, e ajudamos os adultos na questão do currículo”, conta a coordenadora do Aldeias, Maria Fajardo. 

Uma das famílias acolhidas foi a do venezuelano Jairo Carrasquel, de 46 anos. Desde julho de 2021 no Brasil, junto com a esposa e os dois filhos, ele espera recomeçar a vida. “É um novo começo. Na Venezuela, estava difícil e fomos obrigados a procurar uma melhor condição”, contou ele, que tinha uma fruteira no país de origem e hoje faz serviços de pedreiro. “Necessito de um emprego para termos condições de seguir em frente”. 

A enfermeira Maria Revenga também quer recomeçar. Ela chegou com a filha de 4 anos em 2021. Com dificuldades financeiras em seu país, migrou em busca de um futuro melhor. Há quatro meses em Porto Alegre ela espera logo arranjar um emprego. “ Já preparei meu currículo, faço qualquer coisa, tenho experiência em diversas áreas”, conta ela que sonha um dia validar o diploma de enfermagem e trabalhar na área da saúde aqui no Brasil. “É isso que eu quero mas para isso eu preciso de dinheiro, logo preciso de emprego”.

Os recenseadores do IBGE já estiveram nos abrigos da Operação Acolhida em Boa Vista e Pacaraima (RR), e em São Paulo (SP), sendo Porto Alegre a primeira Capital da Região Sul a receber a visita dos profissionais do Censo em abrigos parceiros do ACNUR. O Rio Grande do Sul tem cerca de 90 mil imigrantes registrados segundo levantamento oficial da Polícia Federal. Nos últimos três anos, a maioria dos ingressos tem sido de haitianos (30%), uruguaios (25%) e venezuelanos (19%).


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