Ideli Salvatti compara internação compulsória por crack a isolamento da hanseníase
Ministra afirma que sociedade chegou perto de cometer desrespeito similar aos direitos humanos
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“Infelizmente, a gente percebe que na sociedade nós tivemos muito próximos de cometer situações parecidas com as pessoas portadoras da aids e agora na questão das drogas, principalmente do crack. Você percebe um discurso muito parecido com o das pessoas atingidas pela hanseníase", avaliou. "O discurso era de isola, separa, tira daqui, quando nós temos é que entender que doenças precisam ser encaradas pela sociedade e sempre com a solidariedade humana”, defendeu a ministra.
A política de internação compulsória de usuários de drogas é amplamente defendida na sociedade e usada desde 2013 no estado de São Paulo como política de combate às drogas. Nos anos 1940, o governo brasileiro decidiu isolar em hospitais-colônia as pessoas diagnosticadas com hanseníase. Com o fim da política, que durou cerca de 40 anos, muitas colônias viraram bairros ligados a hospitais referência na doença. Das cerca de 100 colônias, ainda restam 30.
“Chegamos a ter mais de 100 colônias, onde as pessoas identificadas como portadoras dessa doença eram afastadas, tolhidas da liberdade, não podiam circular. Separavam marido da mulher, dos filhos, chegavam a ter dinheiro próprio na colônia para não haver risco de disseminação da doença“, relembrou a ministra.
Em 2007, o governo brasileiro estipulou uma indenização a ser paga a pessoas que passaram pela situação de confinamento. Quase 12,5 mil entraram com o pedido e mais de 8,8 mil estão recebendo mensalmente R$1.205,37.