Idosa morre ao ser prensada por elevador da OAB em Bauru

Idosa morre ao ser prensada por elevador da OAB em Bauru

Neta da vítima teve com luxação nas duas pernas

AE

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Uma mulher morreu e sua neta ficou ferida ao serem prensadas pelo elevador do prédio da subsecção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Bauru, no interior de São Paulo, nessa quarta-feira. O equipamento, de plataforma e sem fosso, é usado por portadores de deficiências para subir do térreo ao primeiro e único andar. Ele estava em uso desde 10 de setembro e por motivos a serem esclarecidos, destravou a porta do térreo quando ainda estava no andar que a vítima estava. Ao descer, prensou Maria da Silva, de 85 anos, e sua neta, a encarregada de departamento pessoal Priscila da Silva, de 34. As duas foram chamadas pela ouvidoria da OAB para depor contra um advogado acusado de se apropriar da indenização que a idosa recebera pela morte do marido, em janeiro deste ano.

Era a primeira vez que elas entraram no novo prédio da OAB, na Avenida Nações Unidas, a mais importante da cidade. "Ao chegarmos lá, a recepcionista pediu que subíssemos pela escada e eu disse que minha avó não tinha condições, por causa da saúde e da idade. Ela, então, nos conduziu ao elevador, abriu a porta do equipamento e colocou a gente para dentro", contou Priscila. "Ao entrar, procurei e não achei o botão. Perguntei para ela: 'Onde está o botão?'. E ela disse para não se importar que ela mesmo cuidaria de fazer o elevador subir. E então fechou a porta com a gente lá dentro." O que aconteceu depois, segundo Priscila, foi uma situação de total desespero.

O elevador não tem fosso e as duas mulheres se apavoraram ao ver a plataforma descendo sobre elas. "A gente percebeu que o elevador na verdade estava descendo e que ia nos prensar, então começamos a gritar por socorro, desesperadas, pedindo ajuda para Deus, implorando, aos gritos, para alguém parar o elevador e nos ajudar", disse. Pela porta de vidro do elevador, Priscila ainda viu as pessoas do lado de fora observarem o desespero dela e da avó. "Havia muitas pessoas do lado de fora, que ficaram paradas, talvez sem saber o que fazer. A recepcionista andava de um lado para outro, enquanto a plataforma descia em cima de nós. Por Deus, apareceu um homem que chutou a porta três vezes, quebrou o vidro e me puxou para fora. Mas quando foi retirar minha avó, ela já tinha se ferido bastante", completou.

Segundo Priscila, a plataforma, de 210 quilos, desceu até ficar a cerca de 60 centímetros do chão, com ela e a avó embaixo. As duas foram socorridas, mas a idosa, com ferimentos graves no tórax, na cabeça e no corpo, não resistiu e morreu. Priscila teve luxação nas duas pernas. "O elevador nos massacrou e matou minha avó", afirmou nesta quinta-feira, durante o velório da avó, na capela Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, no bairro Parque Real, em Bauru, comunidade religiosa onde Maria e a família são muito queridas. O enterro estava marcado para às 15 horas.

Homicídio culposo

O delegado Roberto Cabral Medeiros, que atendeu à ocorrência, contou que testemunhas foram ouvidas na manhã desta quinta e que espera um laudo da perícia técnica para dizer o que realmente aconteceu e concluir o inquérito de homicídio culposo e lesões corporais culposas. 

"O laudo vai me possibilitar dizer se a responsabilidade é da OAB, da empresa de manutenção ou se há responsabilidade solidária." Segundo o delegado, o inquérito deve ser concluído antes do prazo de 30 dias. O presidente da subsecção da OAB de Bauru, Alessandro Bien Cunha Carvalho, disse que a entidade lamentava o ocorrido e estava focada em dar respaldo à família de Maria da Silva. O elevador ficará interditado até que a perícia descubra o que realmente causou o acidente.

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