Impactos do temporal mantêm escola fechada e causam prejuízos em Porto Alegre

Impactos do temporal mantêm escola fechada e causam prejuízos em Porto Alegre

Quase 200 casas da zona Sul ficaram destelhadas ou destruídas

Felipe Nabinger

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Embora novos temporais tenham poupado Porto Alegre, sendo registrados em outras cidades da Região Metropolitana, a Capital ainda enfrenta os impactos da força dos ventos do último domingo na manhã de terça-feira. Falta de luz e de água, sujeira, quase 200 casas na zona Sul destelhadas ou destruídas e equipes da prefeitura recolhendo entulhos ilustram o cenário. Além dos destelhamentos e alimentos estragando na geladeira, escolas suspenderam as aulas e o comércio funciona de forma precária, por exemplo, na rua Dona Otília, no Santa Tereza.

“Tenho muito medo (da escola permanecer fechada) porque sei da necessidade da comunidade. As crianças quando vêm para a escola recebem quatro refeições, que suprem a necessidade delas”, explica a diretora da Escola Municipal de Educação Infantil (EMEI) Osmar dos Santos Freitas, Maria Alice Castilhos. O local atende 120 crianças em turno integral, das 7h às 19h e teve grande parte do telhado arrancado pela força dos ventos. “A grande maioria dos pais têm a situação financeira bem baixa. Não tendo a escola, eles precisam pagar alguém para ficar com os filhos”, comenta a educadora, que trabalha no estabelecimento de ensino há 11 anos. 

A diretora estava no local acompanhando uma equipe que fazia o levantamento dos danos. “Tivemos muito prejuízo no telhado. Hoje (terça-feira) pela manhã veio uma equipe fazer um dos orçamentos e eles ficaram bem assustados com a situação”, revela. O temor da educadora é quanto ao tempo que uma reforma deste tamanho pode levar. “Se for para licitação, pode levar três, quatro meses”, acredita. Com danos nas telhas e no madeiramento, a escola não apresenta condições de atender os alunos e por isso as aulas foram suspensas. 

Segundo a Secretaria Municipal da Educação (SMED), houve a doação de telhas, o que reduz o valor para reforma, podendo ser realizado o reparo com verba própria da escola. A pasta afirma ainda que até a escola ter uma infraestrutura segura, os alunos serão atendidos em ações de manutenção de vínculo.

Perdas no comércio, danos em casas

Descendo a mesma rua, um mercadinho com apenas quatro meses de funcionamento permanecia aberto. No entanto, a atividade comercial fora prejudicada pela falta de energia há quase 48h. “A gente não pode pesar os alimentos e não tenho nada gelado. Muitos clientes tentam ligar pedindo água, mas não tenho bateria no celular”, explica a proprietária Eleane Almeida Machado, 40. O estabelecimento assa pães congelados, mas esses produtos estragaram sem a devida refrigeração. “Perdi mais de R$ 200 em pão”, revela. Eleane estima que somando itens estragados e o que deixou de vender, seu prejuízo gire na casa dos R$ 1,5 mil em dois dias. 

Quem também teve prejuízo, mas com um gasto inesperado no orçamento foi o aposentado Lair dos Santos Rosa, 71. Ele foi uma das muitas pessoas que teve a casa destelhada. “Gastei mais de R$ 2 mil em folhas de telha. Estou apavorado, não sei o que vou fazer. Fará falta”, lamentou. 

Um poste inclinado, segurado por vários fios, pendia em frente à casa da aposentada Jandira Conceição Dias, 79, enquanto funcionários do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) realizavam a remoção de entulhos com uma retroescavadeira e um caminhão. Com a casa destelhada, coberta por lona, ela ressalta nunca ter visto algo como o temporal do último domingo.  “Moro faz 40 anos ou mais aqui e nunca vi uma coisa tão terrível. Era um vento diferente, como um redemoinho. Nunca vi nada parecido”, diz Jandira, que estava com a filha e dois netos no local no momento do vendaval.

Jandira Conceição Dias perdeu parte do telhado da casa | Foto: Alina Souza

Mutirões e doações no Serraria

Das casas destelhadas, 122 encontram-se no bairro Serraria, principalmente na Vila dos Sargentos. Outros 20 domicílios foram destruídos. Na segunda-feira, o prefeito Sebastião Melo e secretários de diversas áreas estiveram no local onde conversaram com moradores e visitaram casas danificadas ou destruídas. Agentes das secretarias de Habitação e Regularização Fundiária, de Obras e Infraestrutura, de Serviços Urbanos, da Subprefeitura Sul e da Fundação de Assistência Social e Cidadania seguiam os trabalhos na manhã de terça-feira. 

Além de continuar arrecadando telhas, alimentos, móveis e material escolar, a prefeitura ressalta a necessidade de guias de eucalipto, pregos, areia e brita. As doações podem ser feitas na rua Nelson Dalmas, 160, onde está instalado um ponto de apoio no bairro, ou destinadas na Subprefeitura Sul, na avenida Eduardo Prado, 1921, sala 5. Para mais informações os telefones são (51) 3289-5089 e (51) 98401-3603.


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