Imunizar crianças pode servir como estratégia para ampliar cobertura vacinal no Brasil, diz Fiocruz

Imunizar crianças pode servir como estratégia para ampliar cobertura vacinal no Brasil, diz Fiocruz

Aplicação de doses contra o coronavírus estaria com um tendência próxima à estagnação no País

Correio do Povo

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A exemplo de outras entidades, que se manifestaram favoravelmente à imunização de crianças de cinco a 11 anos contra a Covid-19, a Fiocruz indicou nesta terça-feira que a vacinação do público infantil poderia servir como uma estratégia para aumentar a cobertura vacinal da população brasileira. O estudo, submetido à Revista Brasileira de Epidemiologia, faz uma análise da evolução do processo no Brasil e salienta que a aplicação de doses contra o coronavírus estaria com um tendência próxima à estagnação. 

Conforme a Fiocruz, se consideradas todas as pessoas acima de 11 anos, cerca de 85% dos brasileiros estão em condições de se vacinar. Pesquisadores, no entanto, relataram que desde de setembro o ritmo de vacinação da primeira dose no Brasil está em desaceleração. Nos meses seguintes, este índice caiu ainda mais e chegou perto de zero - cerca de 0,08% por dia. Isso poderia sugerir que a vacinação já está próxima do seu limite, com 74,95% da população imunizada com a primeira dose.  

De acordo com pesquisadores, a saída para superar a eventual estagnação seria ampliar as faixas etárias, proporcionando a imunização de crianças. A partir disso, seria necessário aumentar a aplicação da primeira dose em pessoas que residem em locais mais distantes. O cenário de paralisação na cobertura vacinal estaria mais ligado à dificuldade de acesso do que propriamente com a recusa aos imunizantes. 

A análise da Fiocruz está fundamentada na cobertura vacinal de cada unidade da Federação, conforme as semanas epidemiológicas (SE) e tendo como data de referência o último dia de cada SE. O período de referência para o estudo foi a Semana Epidemiológica 47, correspondente aos últimos dias de novembro.

A pesquisa recordou que o Brasil tem quatro fases distintas na evolução temporal na aplicação da primeira dose. Na fase inicial, a progressão foi considerada lenta muito por conta à falta de imunizantes. Depois, houve um período de dez semanas em que a vacinação começou a atingir pessoas com menos de 70 anos, seguido de outro em que se observou uma velocidade no aumento da cobertura, chegando a pessoas com menos de 60 anos. E depois veio a quarta fase, que deixa claramente marcada a desaceleração.

“A grande maioria dos estados segue esta tendência, variando apenas a velocidade de aumento da cobertura, que foi sistematicamente maior nos estados das regiões Sul e Sudeste”, comenta o pesquisador do Observatório Covid-19 da Fiocruz e um dos autores, Raphael Guimarães. O pesquisador destaca que “nas unidades da Federação em que a cobertura de primeira dose é mais alta, a diferença para a cobertura de segunda dose é menor, sugerindo que a perda de população entre doses tem sido pequena”.


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