Incidência de Aids no RS é maior do que o dobro da média do País
Estado apresenta 41,3 novos casos para cada 100 mil habitantes
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Em números absolutos, houve uma ligeira queda nos índices de 2012, quando foram registrados 4.517 novos casos, para 2013, que teve a 4.443 notificações. Entre as cidades, Porto Alegre lidera o ranking nacional, com uma incidência de 96,2 casos por 100 mil habitantes. No Estado, seguem a Capital os municípios de Cruz Alta (83,7), Rio Grande (72,4), Alvorada (66,3), São Leopoldo (60,3) e Canoas (58,5).
No Rio Grande do Sul, a tarefa é enfrentar um histórico de altos índices de casos, em um quadro que tem inúmeras causas. Entre elas, uma possibilidade é o atraso na implantação dos testes rápidos que começaram em 2009 no Brasil e só começaram de forma mais efetiva no Estado a partir de 2012. Além disso, o assunto continua encoberto por certo tabu e há necessidade de lidar com uma percepção que subestima o risco de infecção.
A doença passou de ameaça fatal a uma condição de doença crônica, e os grupos etários que não viveram a explosão de casos na fase inicial da epidemia não tem hábito de usar preservativo. "Embora a aids não seja tão fatal como antes, é uma doença muito grave que provoca um grande prejuízo à qualidade de vida", explica a secretária Sandra Fagundes.
A campanha deste ano contará com peças publicitárias em rádios FM da Capital e Interior, além de divulgação em redes sociais. O conceito é que "desconhecimento mata mais que aids", com o objetivo de reforçar a ideia de que ignorar a doença traz muitos riscos, pois retarda o tratamento e aumenta o risco de transmissão.
Teste rápido em 334 municípios
Nesse trabalho de ampliar a oferta ao diagnóstico, a SES levou a 334 municípios do Estado o teste rápido de HIV e sífilis. Ele é seguro, gratuito e sigiloso. Realizado a partir da coleta de uma gota de sangue da ponta do dedo. O resultado sai em cerca de 20 minutos e é comunicado diretamente por um profissional capacitado. O serviço também oferece aconselhamento e indica outros serviços de referência, em caso de necessidade.
A principal vantagem é a rapidez. Pelo método tradicional, o prazo de espera chegava a 30 dias e as pessoas precisavam retornar à unidade básica de saúde para obter o resultado, o que muitas deixam de fazer. Neste ano, até outubro, já foram mais de 340 mil kits de exames distribuídos no Estado.
O acesso aos testes rápidos do HIV em Unidades Básicas de Saúde já é quase três vezes maior no Rio Grande do Sul do que no restante do país. Em 60,86% dos casos, os usuários procuram e encontram o teste nas unidades. Um número crescente de municípios gaúchos adere aos programas de enfrentamento às DST/aids e, com isso, a expectativa é de que a epidemia se estabilize e recue.
Queda na transmissão de mãe para filho
Um dos dados apresentados nesta segunda-feira mostra um resultado positivo quanto à taxa de detecção de casos de aids em menores de cinco anos, que detecta os casos de transmissão de mãe para filhos durante o parto. Entre 2012 e 2013, a redução foi de 30%, de 57 para 40 casos. A redução acentua-se em comparação com uma década atrás, quando, em 2002, chegou-se a ter 174 casos registrados. Para aumentar esse diagnóstico, a SES preconiza que todas as gestantes façam o exame rápido durante o pré-natal.
Incentivos aos municípios
O esforço para impor um recuo duradouro à epidemia tem sido feito com investimentos consistentes. O Rio Grande do Sul é o primeiro Estado brasileiro que investe recursos próprios no combate à aids. Em 2014, foram destinados R$ 15 milhões do Tesouro Estadual aos 64 municípios que concentram 90% dos casos. O objetivo é incluir o cuidado à doença na rede de Atenção Básica de Saúde e financiar a montagem de um protocolo de atendimento capaz de apressar o diagnóstico e estimular as pessoas a manterem o tratamento. A Secretaria Estadual de Saúde também regularizou o fluxo de repasses de recursos para organizações não governamentais que atuam na prevenção à doença e destinou R$ 5,7 milhões para atividades do setor.
Situações de risco
O HIV pode ser transmitido por relações sexuais desprotegidas (sem o uso do preservativo), anais, vaginais e orais; pelo compartilhamento de agulhas e seringas contaminadas e de mãe para filho durante a gestação, o parto e a amamentação. Beijo, toque, abraço, aperto de mão, compartilhamento de toalhas, talheres, pratos, suor ou lágrimas não transmitem a doença e não há risco nesses tipos de contato com uma pessoa soropositiva.