Instituto do Câncer Infantil inaugura casa de acolhimento em Porto Alegre

Instituto do Câncer Infantil inaugura casa de acolhimento em Porto Alegre

Imóvel localizado no bairro Santana poderá abrigar até três pacientes com câncer infantojuvenil

Felipe Samuel

Brunetto: “O momento do diagnóstico do câncer é terrível para os pais”

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Acolher pacientes que sofrem de doenças sem cura é um desafio para a rede de saúde privada e pública. Para dar suporte a crianças e adolescentes com câncer, o Instituto do Câncer Infantil (ICI) inaugurou nesta quarta-feira, no bairro Santana, a segunda casa de acolhimento da América Latina. O imóvel, localizado na rua Augusto Pestana, poderá abrigar até três pacientes com câncer infantojuvenil - de 0 a 19 anos - que não têm mais chance de cura e familiares.

Com três dormitórios, batizados de sol, nuvem e coração, a Casa ICI foi adquirida, reformada e decorada com mensagens como "Aqui mora o amor". O imóvel conta com salas de estar e lazer, cozinha, sala de refeições, banheiros, sala de enfermagem e consultórios médico e multidisciplinar. De acordo com o superintendente do ICI, Algemir Brunetto a casa foi concebida para cuidar daqueles pacientes que a medicina ainda não encontrou uma cura definitiva. “A maioria das crianças e adolescentes com câncer têm chance de cura, mas há ainda uns 25% que nós temos que descobrir novas formas de vencer tumores mais resistentes”, observa. 

Segundo Brunetto, a missão do ICI é aumentar os índices de cura mas também melhorar a qualidade de vida dos pacientes e das famílias. “O momento do diagnóstico do câncer é terrível para os pais. Mas o momento que eles recebem a informação que a doença voltou e que se esgotou todas as alternativas curativas é muito difícil, é uma dor muito grande”, relata. Nesses casos, a maioria opta por levar o paciente para casa para dar continuidade a tratamentos paliativos. “Essa casa é pra acolher as suas famílias nesse momento difícil, ajudar na despedida, porque para os pais é muito importante saber que tudo foi feito”, acrescenta. 

Brunetto destaca que os cuidados paliativos muitas vezes integram a lista dos planos de saúde e do SUS, mas na prática as famílias muito carentes - que são a maioria - não tem esse espaço. “É apenas a segunda casa de acolhimento da América do Sul”, garante. A primeira está localizada em São Paulo. A partir de doações, foram investidos R$ 3 milhões para compra e reforma do imóvel, chamado de Casa do Amor. É um momento difícil da família, que precisa não só do remédio, não só do oxigênio, não só de um espaço para dormir e ficar”, completa.

Segundo Brunetto, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) entregou uma carta de intenção que prevê credenciamento da casa como “se fosse um hospital da rede SUS”, o que vai garantir R$ 200 mil por mês a partir de 2023. Responsável técnico do Núcleo de Apoio ao Paciente do ICI, o oncologista pediátrico Lauro José Gregianin explica que o local é destinado a crianças e adolescentes que não precisam necessariamente ficar em hospital. “São pessoas que precisam de medicação para dor, de sedativos, de suporte nutricional”, destaca, acrescentando que os pacientes serão internados por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). 

Uma equipe multiprofissional, com dentistas, psicólogos, fisioterapeutas e assistência médica, vai garantir o atendimento dos pacientes em um “ambiente mais humanizado”, com direito a permanência de familiares e horário ampliado de visitas. “É um momento difícil, quanto mais tiver pessoas familiarizadas do ciclo daquela criança, muito melhor, esse momento de despedida”, observa. Com as adaptações, a casa tem acesso para cadeirantes, maca e banheiros individuais adaptados, além de áreas de uso comum, como a cozinha.

 


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