Jovens aderem menos ao distanciamento social do que idosos em Porto Alegre, aponta pesquisa

Jovens aderem menos ao distanciamento social do que idosos em Porto Alegre, aponta pesquisa

Estudo em desenvolvimento busca avaliar a associação entre o isolamento social e os casos de coronavírus na Capital

Henrique Massaro

Estudo é um dos primeiros a avaliar de forma individualizada o isolamento social

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Dados preliminares apontam que apenas 60% dos jovens entre 18 e 29 anos que testaram negativo para o novo coronavírus em Porto Alegre aderiram ao distanciamento social, enquanto que entre idosos entre 70 e 79 anos o percentual é de 90%. As informações são da Avaliação da Covid-19 na Comunidade (ACC-POA), divulgadas nesta terça-feira pelo prefeito Nelson Marchezan Júnior e pesquisadores. O estudo, que também está coletando dados de pacientes infectados, é um dos primeiros a avaliar de forma individualizada o isolamento social e tem por objetivo verificar a associação entre medidas adotadas e os casos da doença na Capital.

A pesquisa contempla os controles - amostras de pessoas oriundas do estudo Epicovid-19 do Rio Grande do Sul e que testaram negativo para o coronavírus - e os casos confirmados - amostragem de pacientes sintomáticos das Unidades Básicas de Saúde e Hospitais de Porto Alegre, que são sorteados e entrevistados por telefone. Embora os dados sejam preliminares, mostraram, por exemplo, que a tendência é de uma adesão maior ao distanciamento à medida que a faixa etária aumenta. Entre os controles de 50 a 59 anos, o percentual foi de pouco mais de 65%, enquanto que entre 60 e 69 anos foi de mais de 80%.

No geral, o estudo mostrou que entre 23 e 25 de maio 45,4% dos porto-alegrenses praticava "bastante" distanciamento social, enquanto que 24,7% estava praticamente isolado de todos. Os percentuais podem ser considerados positivos se comparados com quem aderiu "muito pouco" (4,6%), "pouco" (6,1%) e "mais ou menos" (19,2%). "O que gostaríamos de responder agora é como se comportam os que foram infectados por coronavírus, isso ainda estamos investigando", explicou o pesquisador e professor do Programa de Pós Graduação em Epidemiologia da Ufrgs, Rodrigo dos Reis.

O total de pessoas não contaminadas ouvidas chegou a 951 e, por enquanto, aproximadamente 200 pessoas que tiveram confirmação da doença foram entrevistadas, mas entre duas e três semanas espera-se entrevistar até 450 pacientes. De acordo com o coordenador de campo da ACC-POA, Rodrigo Tólio, a maior dificuldade tem sido que os cidadãos diagnosticados atendam os telefonemas dos voluntários. Ele ressaltou que todos podem tirar dúvidas sobre pelo (51) 3308-5950 (WhatsApp ou ligação) e que as entrevistas ocorrem das 8h às 21h de segunda a sexta-feira, e das 9h às 16h nos sábados.

O secretário-adjunto de Saúde da Capital, Natan Katz, disse que o levantamento é importante porque permite à gestão municipal tomar decisões focadas em determinados grupos, por exemplo. Para o prefeito Nelson Marchezan Júnior, o grande desafio no momento é saber como enfrentar o crescimento da contaminação e da demanda por leitos de UTI com a população já cansada do isolamento social. “A angústia é permanente porque as decisões são todas desagradáveis nos rumos normais da nossa sociedade, daquilo que se imaginava de uma cidade mais humana, mais evoluída, mais moderna”, afirmou. “Estamos sempre buscando alternativas, informações para tentar gerar o menor impacto.

A Avaliação da Covid-19 na Comunidade de Porto Alegre é realizada em parceria entre as universidades federais do RS (Ufrgs), Pelotas (UFPel), Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA) e a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), com apoio do governo do Estado.


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