Jovens representam mais da metade dos desempregados na Região Metropolitana

Jovens representam mais da metade dos desempregados na Região Metropolitana

Aumento do desemprego de pessoas entre os 15 e os 29 anos foi maior do que entre os adultos de 30 a 59 anos

Correio do Povo

Desemprego cresceu 26,6% entre os jovens

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A crise econômica foi mais cruel com pessoas entre os 15 e os 29 anos, de acordo com uma pesquisa divulgada na manhã desta terça-feira pela Fundação de Economia e Estatística (FEE) do Rio Grande do Sul. Com o aumento do desemprego superior ao da população em geral, os jovens representaram mais da metade das pessoas sem trabalho na Região Metropolitana de Porto Alegre em 2016.

No ano passado, a taxa dos jovens sem emprego cresceu 26,6%, ao passar de 15,4% em 2015 para 19,5% em 2016. Com isso, a FEE estima que 106 mil pessoas entre os 15 e os 29 anos estivessem desempregados em 2016, um acréscimo de 17 mil em relação ao ano anterior. Além disso, os jovens sofreram uma retração no nível ocupacional mais intensa do que a registrada para os adultos, grupo dos 30 aos 59 anos, e o risco relativo de serem trabalhadores de baixos salários aumentou. 

Dados da FEE mostram que o nível de ocupação dos jovens registrou uma queda de 9,9% em 2016, passando de 484 mil pessoas em 2015 para 436 mil no ano passado. No mesmo período, entre os adultos, a ocupação teve redução de 3,2%.


 




Renda também caiu

O rendimento dos jovens também diminuiu em 2016. No entanto, a queda foi menor do que a observada nos adultos. Conforme a FEE, o rendimento médio real dos jovens ocupados caiu 5,4% em 2016, enquanto o dos adultos caiu 9,1%. Segundo a economista Iracema Castelo Branco, supervisora do Centro de Pesquisa de Emprego e Desemprego da FEE, a queda foi mais expressiva entre as pessoas acima dos 30 anos porque, com a crise, as empresas precisaram cortar os custos e demitir profissionais com altos cargos e salários. 

A pesquisa avaliou também o risco relativo de os jovens serem trabalhadores de baixos salários, aqueles que recebem menos de dois terços da mediana dos salários-hora reais. Em comparação aos adultos, o risco dos jovens serem empregados de baixas remunerações aumentou de 1,83 em 2015 para 1,90 em 2016.  

Número dos que só estudam aumentou

Apesar da crise, a pesquisa da FEE mostrou um indicador classificado como positivo pelos economistas do órgão: o aumento do número de jovens que só estudam. Em 2000, 17,5% dos jovens apenas estudavam, passando para 23,7% em 2015 e para 26,3% em 2016. "Aqueles que têm condições de concluir os estudos, possivelmente terão melhores oportunidades ao chegarem ao mercado de trabalho quando comparados àqueles que iniciam sua vida laboral antes de concluí-los", observa o estudo.

O avanço dos que só estudam foi acompanhado por reduções tanto entre os jovens que estudam e participam do mercado de trabalho quanto entre aqueles que somente estão no mercado de trabalho, segundo a FEE. Os jovens que necessitavam compatibilizar estudo e trabalho ou a procura por trabalho passaram de 16,3% em 2015 para 14,8% em 2016, segundo a pesquisa. Já a parcela de jovens que somente trabalhavam ou procuravam trabalho diminuiu de 48,4% para 46,8% no mesmo período.

O crescimento seguiu uma tendência observada pela FEE desde 2000. "Verifica-se que, pelo menos até 2013, esse processo estava relacionado ao movimento de estruturação do mercado de trabalho regional, que se deu por meio da geração de empregos com registros formais, da redução do desemprego e da melhora dos rendimentos", informou a pesquisa. Entretanto, segundo a FEE, "o mesmo não pode ser atribuído ao período de 2015 a 2016, em que se observa uma intensa deterioração desses indicadores de mercado de mercado de trabalho" na Região Metropolitana de Porto Alegre.

A pesquisa também mostrou um aumento da escolaridade dos jovens. A parcela dos que têm Ensino Médio
completo aumentou de 32% em 2000 para 45,6% em 2016, e o número dos que completaram o Ensino Superior subiu de 3,6% para 6,2% no período. 

 





Percentual dos "nem nem" permaneceu estável

Já os jovens denominados na pesquisa como "nem nem", os que "nem estudam e nem trabalham", apresentaram tendência de relativa bilidade. O grupoesta era 12% em 2000, 11,6% em 2015 e 12,1% em 2016. 

Esse grupo foi estimado pela FEE em 107 mil pessoas em 2016, sendo 74 mil mulheres e 33 mil homens. "Trata-se de um contingente expressivo de jovens que deveria ter atenção prioritária das políticas públicas", observou o estudo.


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