Justiça dá prazo de 24h para Samarco evitar chegada da lama ao mar do ES

Justiça dá prazo de 24h para Samarco evitar chegada da lama ao mar do ES

Ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, diz que impacto será grande na fauna marinha

Agência Brasil

Ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, diz que impacto será grande na fauna marinha

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A Justiça Federal no Espírito Santo determinou que a mineradora Samarco, cujos donos são a Vale e a BHP Billiton, apresente em 24 horas medidas para que a lama que atingiu o Rio Doce após o rompimento de barragem de rejeitos de mineração não chegue ao litoral do estado.

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Segundo a decisão do juiz Rodrigo Reiff Botelho, a empresa será multada em R$ 10 milhões por dia caso a determinação não seja cumprida. "Passadas hoje quase duas semanas do início do desastre e já havendo, há algum tempo, a previsão de que o fluxo de lama e resíduos, ao se movimentar ao longo do leito do Rio Doce, fatalmente iria atingir e afetar drasticamente a foz do referido rio e todo o ecossistema local e marinho capixaba, as unidades de conservação no entorno e as praias costeiras, não houve ainda, ao que parece, a elaboração de um plano emergencial de contingência para se minorar esses impactos que se mostram como certos", diz o juiz na sentença.

A onda de lama que se formou após o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, chegou ao Rio Doce, provocando a morte de peixes e impedido o abastecimento de água em cidades de Minas Gerais e do Espírito Santo. O rio deságua no mar na cidade capixaba de Linhares. A previsão é que a lama chegue à foz do rio até o fim de semana. A Samarco confirmou o recebimento da decisão da Justiça Federal e informa que irá analisar "cuidadosamente" o que é requerido. A empresa Informou que está tomando as providências para mitigar as consequências geradas com o avanço da lama pelo Rio Doce.

Segundo a empresa, 9 mil metros de barreiras de contenção começaram a ser instaladas na quarta-feira. " As contenções começam na parte sul da foz, em Regência, e seguem até Povoação, na região de Linhares. As barreiras serão instaladas em pontos estratégicos, às margens do rio, com o objetivo de preservar a fauna e a flora locais", disse a empresa, em nota.

'Vai ser um grande impacto', diz ministra sobre lama no mar

A informação foi dada na manhã desta quinta-feira, pela ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, citando dados preliminares de uma modelagem que está sendo feita pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Ela deu a declaração em resposta a uma suspeita, divulgada no jornal O Globo, de que a lama poderia chegar ao arquipélago de Abrolhos, localizado 250 km acima da foz. Do ponto do vazamento das barragens até o mar, a lama vai ter percorrido 657,4 km.

"As correntes estão na direção do sul, não do norte. Não há (esse risco) nas informações disponíveis até agora na modelagem feita pelo professor Paulo Rosman, da Coppe/UFRJ. Obviamente os dados são preliminares com base em vazão, concentração de sedimentos. Isso pode mudar no tempo com o acompanhamento da lama", afirma Izabella. "Não há expectativa de chegar em Abrolhos, nem mesmo em Vitória, que está a 120 km dali."

A ministra confirmou, porém, que a lama vai chegar ao mar e terá impactos. "Agora como a lama vai chegar, em qual quantidade, se vai mais para o fundo, isso depende de como vai entrar (no mar), considerando que a foz do rio está assoreada. Então tenho um ambiente estuarino antes de chegar no mar. Vai ser um grande impacto, provavelmente, nesse ambiente estuarino, que as pessoas estão trabalhando na prevenção."

Nessa faixa estimada de dispersão, Izabella afirma que há a presença de recursos pesqueiros. "Tem crustáceo, tem fauna de bento, vai ter impacto, mas fizemos um canal de desvio (na foz do rio, para facilitar a dispersão da lama) para não pegar a área de desova da tartaruga de couro (espécie ameaçada de extinção que vive no local)." O projeto Tamar está recolhemos os ovos do animal.

"Mas impacto vai ter. Como teve no Rio Doce, no trecho de Minas, onde a fauna acabou. A ictiofauna acabou. A calha do rio principal ficou impossível, especialmente para os peixes de fundo. Porque os peixes de superfície, muitos conseguiram migrar para os tributários, mas estão morrendo. A fauna ribeirinha foi impactada. É a maior catástrofe ambiental do País, isso é inegável", diz.

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