Justiça determina reintegração de posse do imóvel ocupado pelo movimento Mulheres Mirabal

Justiça determina reintegração de posse do imóvel ocupado pelo movimento Mulheres Mirabal

Grupo organizou ato de resistência contra decisão do juiz Oyama Assis Brasil de Moraes

Jessica Hübler

Justiça determina reintegração de posse do imóvel ocupado pelo movimento Mulheres Mirabal

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A Justiça determinou a reintegração de posse do imóvel que abriga a Ocupação Mulheres Mirabal, onde vítimas de violência doméstica são acolhidas. A decisão é do juiz Oyama Assis Brasil de Moraes, da 7ª Vara Cível do Foro Central de Porto Alegre.

Por conta disso, o grupo organizou um “ato de resistência” no final da tarde desta terça-feira. “A casa que hoje acolhe dezenas de mulheres vítimas de violência e seus filhos, está em risco”, relatou o coletivo em nota. Conforme o despacho, o julgador determina que “para o cumprimento do mandado requisite-se o concurso da Brigada Militar”. O pedido de reintegração de posse partiu da Inspetoria Salesiana São Pio X, que é proprietária do imóvel.

Em relação a pedidos pela presença do Conselho Tutelar e da Secretaria Municipal de Assistência Social, o juiz afirmou: “Observo que tais entidades têm pleno conhecimento deste fato, pois amplamente divulgado nos meios de comunicação, e a situação dos menores, caso efetivamente estejam no local, será aquilatada pelos Oficiais de Justiça e Brigada Militar que poderão, se for o caso, requisitar o concurso de tais entidades sem prejuízo de acompanhamento no desempenho de suas atribuições”.

Terceiro pedido de reintegração de posse

Conforme uma das integrantes da Ocupação Mulheres Mirabal, Natália Jobim, este é o terceiro pedido de reintegração de posse que ocorre. “A outra reintegração foi suspensa pois recorremos ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) e o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS) havia recebido com efeito suspensivo, mas agora esta suspensão foi revogada e a reintegração voltou a valer”, explicou.

Segundo ela, como o mandado foi expedido na última sexta-feira, 21 de julho, a desocupação do imóvel pode ocorrer a qualquer momento, podendo recorrer com recurso. 

Centro de referência à mulher 

A Ocupação Mulheres Mirabal, organizada pelo Movimento de Mulheres Olga Benário, existe desde novembro de 2016, quando a casa - onde antigamente funcionava o Lar Dom Bosco - foi ocupada por mulheres vítimas de violência doméstica, que criaram uma rede de acolhimento para outras mulheres que se encontram em situação de vulnerabilidade e agressão. Conforme uma das integrantes do Movimento de Mulheres Olga Benário, Thainá Gawlinski, “a luta é por um centro de referência à mulher, que proporcione atendimento psicológico, jurídico e médico é nossa reivindicação como Movimento de Mulheres Olga Benário”. Conforme ela, o grupo quer, através desta ocupação, garantir que as mulheres gaúchas tenham um centro de referência, local onde possam ser atendidas e que possam morar com seus filhos se necessário.

“Exigimos uma verdadeira política de combate à violência contra a mulher! Nós, mulheres, a exemplo das Mirabal, lutaremos para pôr fim a esse sistema que mata e oprime mulheres diariamente”, ressaltou Thainá. De acordo com a ativista, as mulheres da Ocupação não aceitarão os retrocessos que estão sendo empurrados pelo governo. “Não aceitaremos nenhum direito a menos”, enfatizou.

A respeito do pedido de reintegração de posse, a Inspetoria Salesiana São Pio X se manifestou, por meio de nota, onde destacou que “dentro do estado democrático de direito, procuramos junto à Justiça competente a reintegração de posse desta obra uma vez que o objetivo do Coletivo é criar raízes e se fixar na mesma. Somos uma obra social que atua dentro dos marcos legais e temos uma missão bem definida", diz a nota.

"É inconcebível que um movimento social, por mais relevante que seja sua missão, queira destituir outro grupo social obstruindo sua atuação. Além disso, a Inspetoria disse que apelou “para as autoridades competentes para que adotem efetivamente políticas públicas consistentes para resolver situações urgentes e necessárias junto aos mais necessitados da sociedade", complementou.

Conforme a Inspetoria Salesiana São Pio X, o Lar Dom Bosco, que funcionava na casa, é uma obra destinada ao acolhimento de adolescentes em situação de vulnerabilidade social. Sobre o pedido de reintegração de posse, a instituição justificou a judicialização da causa: “É importante assinalar também que procuramos a justiça porque a casa do Lar Dom Bosco não tem condições de abrigarem para nenhum grupo. Ela não tem estrutura para tanto”.

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