Justiça determina retirada de 500 famílias de propriedade em Sapiranga

Justiça determina retirada de 500 famílias de propriedade em Sapiranga

Grupo protesta por falta de diálogo com prefeitura e tenta reverter decisão

Fernanda Bassôa

Grupo protesta por falta de diálogo com prefeitura e tenta reverter decisão

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Cerca de 2 mil pessoas que ocupam 26 hectares de uma propriedade particular no bairro Amaral Ribeiro, em Sapiranga, no Vale do Sinos, terão que deixar o espaço até a próxima quarta-feira. A reintegração de posse, que deve ocorrer com ajuda do 32º Batalhão da Polícia Militar, foi determinada pela juíza Káren Rick Danilevicz Bertoncello, da 2ª Vara Cível da Comarca da cidade.

A porta-voz do Movimento de Trabalhadoras e Trabalhadores por Direito (MTD), Juliana Camargo, afirma que as famílias não vão deixar o local, pois muitas delas não têm mais para onde ir. “Algumas foram despejadas e outras não têm renda para pagar aluguel. Estamos correndo para reverter essa decisão”, salientou. Ela diz que tentou diálogo com a prefeitura, com pedido de reunião protocolado, mas não foram atendidos.

Segundo ela, o local foi inicialmente ocupado no dia 2 de maio por cerca de cem famílias. “Na semana seguinte, outras pessoas se uniram a nós e, agora, somos em torno de 500 famílias.” Os ocupantes da área, que ergueram aglomerados de madeiras e lonas, sobrevivem com doações. “A iluminação é a base de lanternas; alguns tem baterias e outros usam pequenos botijões de gás (popularmente chamados de liquinhos).” Eles também contam com um poço artesiano e uma caixa d’água que existe nas proximidades. Juliana conta que entre os ocupantes - segundo ela, todos sapiranguenses - há cerca de 170 crianças. “Queremos a desapropriação da terra, avaliada em R$ 1 milhão.”

A prefeitura de Sapiranga diz que desde a ocupação, funcionários da Secretaria de Habitação foram barrados por duas vezes na tentativa de cadastrar as famílias. A primeira vez foi em 4 de maio, logo após a entrada das famílias na área, e a segunda no dia 22 de maio. A ideia era verificar se as famílias eram de Sapiranga e quais as suas necessidades de moradia. Segundo a assistente social Cláudia Flores, que coordenou as ações, na segunda visita foram identificados no local veículos com placas de outras cidades. A prefeita Corinha Molling disse que não fala sobre a questão das terras por se tratar de área particular, não tendo a ver com o município a negociação.

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