Justiça mantém Adélio na Penitenciária Federal de Campo Grande

Justiça mantém Adélio na Penitenciária Federal de Campo Grande

Ele está internado no local desde 2018, quando deu uma facada na barriga do então candidato Jair Bolsonaro

R7

Adélio segue preso

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A 5ª Vara Federal de Campo Grande, em Mato Grosso do Sul, manteve a internação psiquiátrica de Adélio Bispo de Oliveira, condenado por dar uma facada no então candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PL) durante a campanha eleitoral de 2018.

A decisão levou em conta o relatório psiquiátrico mais recente do interno. O documento atestou que não houve "cessação de periculosidade". Em 22 de julho deste ano, a Justiça Federal havia determinado novo laudo médico, que foi conduzido pelos peritos José Brasileiro Dourado Júnior, Leonardo Fernandez Meyer e Bárbara Andréia Milagres Feijó.

O documento afirma que, de acordo com informações cedidas pelos agentes e profissionais de saúde que têm contato com o paciente, Adélio tem "comportamento inadequado", fala sozinho em alguns momentos, não mantém convívio frequente com os demais presos e respondeu a uma falta grave disciplinar por desobediência.

"Apresenta, no momento da avaliação, comportamento colaborativo, disciplinado, apesar de apresentar quadro instável, e no momento apresenta sintomatologia positiva de doença, como delírios de cunho religioso, persecutório e político, e se nega a fazer uso das medicações, que são carbonato de lítio 300mg, risperidona 2mg, já fez uso de nortriptilina 25mg/dia", acrescenta o laudo.

O autor da facada em Bolsonaro foi diagnosticado com transtorno delirante permanente paranoide, condição em que o paciente não consegue diferenciar fatos criados pela própria mente do que é real.

"Adélio Bispo de Oliveira permanece com diagnóstico clínico de transtorno delirante persistente, com alucinações de cunho religioso, persecutório e político que se manifestam frequentemente, sobretudo porque há recusa expressa do interno em receber a medicação psicotrópica recomendada para o tratamento de sua doença", diz um trecho do documento.

As informações do laudo foram repassadas ao Ministério Público Federal (MPF), que defendeu a manutenção da internação enquanto não for verificada a cessação do perigo provocado por Adélio.

Facada

Em 6 de setembro de 2018, Bolsonaro era carregado por apoiadores quando foi esfaqueado na barriga no centro de Juiz de Fora (MG). Após o atentado, o então candidato foi internado na Santa Casa de Misericórdia e passou por diversas cirurgias.

Adélio Bispo de Oliveira foi preso em flagrante e disse que havia cometido o crime a mando de Deus. Em 2019, ele foi absolvido impropriamente pelo juiz federal Bruno Savino. A absolvição imprópria é um dispositivo que pode ser aplicado aos réus considerados inimputáveis. Neste caso, o réu não é sentenciado a uma pena, mas deve cumprir medida de segurança. Adélio, então, teve a prisão preventiva convertida em internação.

Circunstâncias do fato

A Polícia Federal abriu dois inquéritos sobre o caso. No primeiro deles, sobre as circunstâncias do crime, concluiu-se que Adélio tinha agido por motivação política, mas que ele sofria de transtorno psiquiátrico grave.

No segundo, para saber se havia um mandante do atentado, o inquérito chegou à conclusão de que não houve participação de terceiros. A investigação foi reaberta em 2021 e ainda está em curso.


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