Langya: entenda sobre transmissibilidade, riscos e sintomas do vírus

Langya: entenda sobre transmissibilidade, riscos e sintomas do vírus

Dezenas de pessoas foram atingidas pelo agente infeccioso na China 

Lucas Eliel

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Ainda sob impacto da pandemia de Covid-19 e também em alerta com a varíola do macaco, o mundo começa se preocupar com outro patógeno que chama a atenção na Ásia. Nos últimos dias o Langya henipavirus (LayV) infectou dezenas de pessoas na China. Para esclarecer dúvidas sobre o novo vírus, o Correio do Povo conversou com o infectologista do Grupo Hospitalar Conceição (GHC), André Luiz Machado. O especialista esclarece questões como transmissibilidade, sintomas e riscos da doença, além de abordar quais são as chances do agente infeccioso chegar no Brasil. 

- O que é o Langya? 

É um patógeno pertencente à família paramyxoviridae e ao gênero henipavirus. Ele foi detectado inicialmente em 2018, mas foi identificado formalmente há pouco tempo. 

- Como ocorre a transmissão? 

Os cientistas ainda estudam as infecções do Langya, mas as análises até o momento apontam o musaranho (pequeno mamífero não encontrado no Brasil, semelhante a um roedor) como possível reservatório natural do vírus. Casos de contaminação em cabras e cães também foram vistos, porém, em menor escala. 

Não está claro como ocorreu a contaminação do musaranho para o homem. A hipótese é de ela ter acontecido em virtude de um contato próximo e prolongado do animal com o humano.  É importante ressaltar que até o momento não há indícios de transmissão do Langya de humano para humano, como é observado na Covid-19 e na varíola do macaco, por exemplo.

- Quais são os sintomas da doença? 

De acordo com um relatório publicado no início de agosto pela New England Journal of Medicine (NEJM), uma importante revista médica dos Estados Unidos, 35 pessoas foram infectadas na China. Os sintomas mais comuns apresentados são febre, cansaço, tosse, náusea e dor de cabeça. 

- Se forem apresentados os sintomas, como proceder?

É aconselhável buscar uma unidade de saúde mais próxima e não continuar convivendo com outras pessoas de forma frequente. Com a devida avaliação profissional, deverá ser estudado se a pessoa tem o vírus. Se o indivíduo estiver com o Langya ou alguma outra complicação infecciosa, é recomendado o isolamento.

- Pessoas já morreram em decorrência do Langya? 

Ainda não há registros de óbitos por conta do vírus. Na maior parte das vezes, a doença causada pelo Langya cursa de forma branda nas pessoas, mas há registro de casos mais graves levando em consideração alterações nas plaquetas (fragmentos de uma célula produzidas pela medula óssea) e leucócitos (células responsáveis por defender o organismo de infecções) dos humanos. 

- Há a possibilidade do Langya chegar no Brasil e nos demais países, causando uma nova pandemia? 

Conforme as avaliações mais recentes, é remota a chance do Langya resultar em uma nova pandemia, pois não há indícios de transmissão de humano para humano. Não está descartada a chegada do patógeno no Brasil, pois mesmo o país não sendo o habitat dos musaranhos, o transporte irregular dos animais e a chegada de pessoas infectadas pode ocasionar em contaminações do LayV por aqui. 

- Como deve ser o comportamento da população em relação a animais tidos como reservatórios de vírus? 

Os animais jamais devem ser alvo de maus-tratos. Por diversas vezes, a transmissão da doença não é em função do contato dos bichos com humanos, e sim por um desequilíbrio dos nossos locais de habitação e os deles. 

- Quais respostas ainda faltam para o Langya? 

Não há tantos estudos envolvendo o Langya, portanto, a expectativa é de os cientistas terem maior esclarecimento sobre o agente infecioso com o passar do tempo. Hoje pairam como maiores dúvidas o conhecimento sólido de como ocorre a transmissão do vírus e os riscos do LayV para os humanos. 


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