Limpeza do Porto Seco começa na segunda-feira

Limpeza do Porto Seco começa na segunda-feira

A menos de três semanas para o desfile do Carnaval, problemas de capina alta, lixo acumulado e falta de manutenção se repetem

Felipe Samuel

Lixo se acumula no Porto Seco perto de mais um Carnaval

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A menos de três semanas do desfile do Carnaval de Porto Alegre, o Porto Seco enfrenta os mesmos problemas de anos anteriores: capina alta, lixo acumulado e falta de manutenção na parte interna e externa. O local por onde as escolas de samba vão se apresentar nos dias 6 e 7 de março precisa passar por uma verdadeira faxina para abrigar minimamente os foliões durante os dois dias de festa. Quem percorre o entorno da pista percebe mato acumulado nas calçadas e muros quebrados. O cenário de abandono do local ganhou novo capítulo com uma decisão do juiz Fernando Carlos Tomasi, da 4ª Vara da Fazenda Pública de Porto Alegre.

Na quinta-feira, em despacho, Tomasi determinou que a prefeitura preste informações, em 72 horas, sobre a destinação de R$ 80 mil de uma emenda impositiva aprovada na Câmara de Vereadores para realizar limpeza, capina, abastecimento de água, eletricidade, entre outros serviços.

A decisão do magistrado atende pedido de mandado de segurança do vereador João Bosco Vaz (PDT), que também é autor da emenda ao orçamento. Em nota, o município informa que foi intimado nesta sexta-feira, através da Procuradoria-Geral do Município (PGM), 'a prestar informações e possui um prazo de 72 horas para manifestação'.

A nota acrescenta que, independente do pedido de informações, a Secretaria Municipal da Cultura e Secretaria Municipal de Serviços Urbanos (SMSUrb), por meio do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU), definiram programação de limpeza do Porto Seco. "A ação deve iniciar na segunda-feira e seguir durante a semana, com remoção de focos de resíduos, capina e roçada", completa a nota.

Na tarde desta sexta-feira, em meio ao cenário de abandono do Porto Seco, dentro dos barracões integrantes de escolas de samba faziam ajustes em carros alegóricos. Presidente da Imperadores do Samba, Érico Leoti explica que a direção da União das Escolas de Samba de Porto Alegre (UESPA) mantém contato frequente com a Secretaria Municipal da Cultura.

E garante que os trabalhos de capina e de preparação da montagem da estrutura devem ter início na segunda-feira. "É um problema histórico do Porto Seco ficar abandonado e sem apoio da prefeitura. Fica mais complicado das escolas de samba bancarem manutenção do espaço, que é cara. E as escolas se ressentem normalmente de falta de recursos para manter as suas quadras, os seus barracões", ressalta.

Ao defender a revitalização do local, Leoti afirma que o espaço é muito importante para o Carnaval e merece atenção ano todo. Ele relata que comerciantes da região sentiram o impacto nas vendas durante o desfile, o que prejudicou a região. "No momento que se revitaliza a utilização desse espaço 365 dias, nós estamos também revitalizando o entorno que, inegavelmente, se a gente olha para todo lado aqui no Porto Seco, a gente vê que é uma comunidade que tem uma carência e vive uma vulnerabilidade social muito grande. Este é um espaço que está ocioso, um espaço público que podia ser utilizado inclusive para beneficiar, gerar emprego e renda para as famílias do entorno do Porto Seco", avalia.

Leoti reconhece que as questões envolvendo limpeza, adequação, revitalização têm que ser 'preocupação de todos nós'. "Isso aqui (se for) bem utilizado, além do uso que o carnaval faz, se bem utilizado para outras atividades culturais, se torna num instrumento, numa ferramenta cultural", destaca. O dirigente ressalta, no entanto, que prefere evitar a 'tese do descaso'. "Na realidade a gente vai ver que isso gera notícia, gera importância, só na época do carnaval. Isso aqui tem movimento nos 365 dias do ano, temos caseiros morando aqui. Então acho que é uma questão que deveria ser tema de debate permanente, público, para a cidade decidir o que quer do carnaval", avalia.


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