Lula critica Davos, pede ajuda ao Haiti e é ovacionado no FSM

Lula critica Davos, pede ajuda ao Haiti e é ovacionado no FSM

Presidente falou por cerca de 40 minutos a mais de 5 mil pessoas no Gigantinho

Correio do Povo

E criticou a postura dos países ricos em Copenhague

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Como já se podia imaginar, o presidente Lula foi bastante ovacionado durante o seu discurso no Gigantinho, em evento do Fórum Social Mundial. Durante os pouco mais de 40 minutos de sua participação, ele foi aplaudido 12 vezes pelas mais de 5 mil pessoas que estavam no ginásio, em Porto Alegre.

O chefe de Estado criticou o Fórum de Davos, exaltando a economia brasileira, que passou pela crise internacional do ano passado com superávit de empregos. Além disso, o presidente atacou a política ambiental de Estados Unidos e União Europeia e fez pedidos de solidariedade ao Haiti.

Lula foi comemorado desde sua chegada

O presidente Lula chegou ao Gigantinho às 20h12min e foi recepcionado por autoridades, entre elas, o prefeito José Fogaça. Logo em seguida, os dois reuniram-se em uma sala vip. Pouco menos de 30 minutos depois, dirigiu-se ao palco, para falar a mais de 5 mil pessoas, que desde às 17h começaram a entrar no ginásio. O público o saudou com gritos de "olê, olá, Lula, Lula".

O presidente iniciou seu discurso logo após as 21h cumprimentando diversos políticos alocados à frente do palco, como o ex-governador Olívio Dutra, os ministros da Justiça, Tarso Genro, e da casa Civil, Dilma Rousseff, todos aplaudidos. Apenas quando citou o nome do prefeito José Fogaça, o comportamento do público foi alterado e ouviu-se um misto de aplausos e vaias.

Lula começou destacando o momento político vivido atualmente pela América Latina: "Demos passos importantes na consolidação da democracia no nosso continente, mas precisamos fazer muito mais". Quando salientou a igualdade de gays e lésbicas, foi aplaudido pela primeira vez desde o início de sua fala.

Críticas a Davos

Em seguida, o presidente criticou o Fórum Econômico de Davos, na Suíça. "Tenho consciência que Davos já não tem mais o glamour que eles pensavam que tinham em 2003", afirmou. "O sistema financeiro já não pode desfilar como modelo exemplar", continuou. Lula atacou o sistema de gerenciamento, "que provocou uma das maiores crises que o mundo já viu".

Ele garantiu que irá para a Suíça com orgulho. "Se em 2003, tinham medo que o presidente Lula não conseguiria governar o Brasil, vou lá dizer que um torneiro mecânico foi o presidente que mais fez universidades neste país, que mais fez escolas técnicas federais", disse, antes de ser interrompido pelos aplausos do público, que também o ovacionou quando ele lembrou que o FMI deve US$ 14 bilhões ao Brasil.

"Se o mundo desenvolvido fizesse a lição de casa de economia, a gente não teria a crise econômica do ano passado". Lula classificou como irresponsável a maneira como era levado o sistema financeiro mundial. Também lembrou de uma de suas declarações no início da crise: "Quando eu disse que essa crise era uma marolinha, nós fomos criticados. O resultado está aí". O presidente ainda salientou que o País gerou, ao todo, mais de 1 milhão de empregos em 2009, enquanto Europa e Estados Unidos tiveram défict nesse índice.

Situação no Haiti

Lula ressaltou a Força de Paz brasileira que está no Haiti desde 2004. "Nós ensinamos ao mundo como é que uma força de paz deve agir", exaltou. Ele revelou que irá à ilha caribenha no próximo dia 25 e anunciou a construção de um hospital e o envio de médicos brasileiros. "Para que a gente possa dar àquele país a oportunidade de se desenvolver", justificou. "O Brasil fará a sua parte. É motivo de orgulho a quantidade de brasileiros que querem se inscrever para ir até o Haiti."

No fim de seu discurso, Lula voltou ao assunto e sugeriu para os organizadores do FSM "um ano de solidariedade". Pediu para que, ao invés de tomarem um "catatau de decisões para nunca mais ler", que ajudem na reconstrução do Haiti.

Clima: "Queriam culpar a China"

Quanto às questões climáticas, Lula elogiou o planejamento brasileiro. "Nós fomos para Copenhague com uma proposta mais séria que qualquer outro país. Fomos com a proposta de diominuir emissão de gases em 36% até 2020. E o desmatamento da amazonia em até 80%. Isto pegou os paises ricos de surpresa."

Nesta passagem, defendeu a China, país o qual Estados Unidos e União Europeia queriam cobrar mais responsabilidades. "Nós queremos responsabilidades comuns, mas diferenciadas. Não é justo que um país que polui há um seculo queira que um país que polui há dois anos pague a mesma conta. Não é justo que não tenha uma política de compensação para os países mais pobres."

Ainda previu uma nova discussão no México - sede de uma convenção climática, ainda em 2010. "Cada um vai ter que dizer o seguinte: 'Eu vou limpar a minha sujeira'". Sobre o tema, o presidente defendeu o uso do etanol como matriz energética.

Elogio ao Fórum

Na última parte de seu discurso, o presidente elogiou o FSM: "O Fórum está mais maduro". Para ele, o evento precisa continuar "produzindo a utopia". Lamentou apenas que o Fórum não se consolidou em Porto Alegre. "Seria espetacular", imaginou. "Que vocês possam concluir esse fórum com a grandeza do próprio fórum", encerrou, mais uma vez, sob aplausos, prometendo voltar em 2011.

Embarque para Davos será quarta-feira

Depois de discursar no Gigantinho, o presidente tomou o rumo de Brasília, onde passa a noite. Nesta quarta-feira, Lula viaja para Recife, onde cumpre agenda em dois compromissos e, depois, embarca para Davos, na Suíça, para participar do Fórum Econômico Mundial.

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