Lula deixa a Conferência de Copenhague

Lula deixa a Conferência de Copenhague

Presidente volta para o Brasil "frustrado" com dificuldades para acordo sobre o clima

AFP

Presidente volta para o Brasil "frustrado" com dificuldades para acordo sobre o clima

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva partiu hoje à noite de Copenhague retornando ao Brasil, informou uma fonte da delegação brasileira.

No pronunciamento de 20 minutos, na sessão plenária no último dia da conferência, Lula confessou sua frustração em relação ao desenvolvimento das negociações e garantiu que o Brasil está disposto a fazer sacrifícios para financiar os países pobres a se adaptarem aos efeitos da mudança climática.

"Vou dizer isso com franqueza e em público, o que não disse ainda em meu próprio país, que sequer disse a minha equipe aqui, que não foi apresentado nem diante de meu Congresso. Se for necessário fazer mais sacrifícios, o Brasil está disposto a colocar dinheiro para ajudar os outros países", anunciou, provocando imediatamente aplausos e burburinhos na plateia. No seu entender, no entanto, é preciso que os países desenvolvidos entendam, porém, que "não estão dando esmola".

Indignado com a falta de progressos em uma negociação que começou há dois anos, Lula condicionou esta contribuição a um êxito concreto em Copenhague: "Estamos dispostos a participar nos mecanismos financeiros se alcançarmos um acordo sobre uma proposta final nesta conferência".

Lula também fez alusão à reunião noturna mantida pelos chefes de Estado e de Governo. "Mantive, ontem à noite, até as duas da manhã, uma reunião com muitos chefes de Estado, figuras proeminentes do mundo político", afirmou. "Uma reunião como esta é algo que nunca havia visto", acrescentou. "Submeter chefes de Estado a discussões como as de ontem à noite é algo que jamais havia visto".

E se confessou "um pouco frustrado" com o aparente fracasso das negociações de alto nível na noite de quinta-feira. "Ontem, estava na reunião e me lembrava dos meus tempos de dirigente sindical, quando negociava com empresários", comparou. "Mesmo as metas, que deveriam ser uma coisa mais simples, tem muita gente querendo barganhar."

O presidente brasileiro deixou claro que os principais obstáculos continuam sendo a resistência da China a aceitar o que os Estados Unidos chamam de "transparência", ou seja, a adoção de resultados "que possam ser mensuráveis, reportáveis e verificáveis" e o financiamento aos países mais pobres.

O presidente também pediu mais ousadia aos colegas, aconselhando que não se preocuparem apenas com a questão do dinheiro, e defendeu a manutenção das metas do Tratado de Kyoto. "Não sei se algum anjo ou algum sábio descerá neste plenário e irá colocar na nossa cabeça a inteligência que nos faltou até agora. Eu não sei", concluiu.

O ministro do Meio ambiente brasileiro, Carlos Minc, por sua vez, ironizou o que muitos em Copenhague consideram como uma falta de esforço por parte dos Estados Unidos e de Obama, recentemente proclamado Prêmio Nobel da Paz. "O Prêmio Nobel não está à altura da expectativa que a população do planeta tem em relação a ele. Obama, faça alguma coisa, ou você vai ter que devolver o Nobel aqui", afirmou.

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