Maioria dos brasileiros afetados pelo horário de verão aprova medida

Maioria dos brasileiros afetados pelo horário de verão aprova medida

Moradores do Sul, Sudeste e Centro-Oeste apoiam o novo horário que começou à 0h deste domingo

Correio do Povo

Horário de verão começou à 0h deste domingo nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil

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A  maioria dos brasileiros, que moram nas regiões onde o horário de verão é adotado, considera a medida positiva. Segundo pesquisa da Datafolha, 56% dos moradores do Sul,  Sudeste e Centro-Oeste, onde o horário de verão começou à 0h deste domingo, são favoráveis à medida, enquanto 38% são contrários e, para 5%, a mudança é indiferente. A informação é do joral Folha de São Paulo. O Centro-Oeste é a única dessas regiões onde a maioria é contrária ao novo horário (52%). Nos estados do Norte e do Nordeste não haverá mudança nos relógios.

Profissional autônomo na área de serviços gerais, Paulo Victor Gonçalves diz que gosta do horário de verão porque “o dia acaba mais cedo” e, com isso, ele tem mais tempo para se dedicar à plantação de pimenta que tem em casa, para complementar a renda. “Fica mais produtivo trabalhar na pimenteira com mais tempo de luz solar.”

Outra vantagem citada por Gonçalves é o tempo a mais que tem para cuidar da filha Isadora, de 1 ano e 8 meses. “Minha esposa fica muito sobrecarregada porque nessa fase o bebê requer muita atenção. Como chego mais cedo, tenho mais tempo e condições para ficar com a bebê e dar um descanso a ela”.

Para a rotina do recepcionista de hotel Ourivaldo Maia Targino, o horário de verão não faz tanta diferença. Ele, no entanto, diz que ouve dos hóspedes muitas reclamações sobre a mudança. “Entro às 19h e saio às 7h do dia seguinte. Como meus filhos já são adultos, não há mais a vantagem que havia antes, no sentido de ter mais tempo para conviver com eles. Mas noto que a maioria das pessoas não gosta”, disse, citando a própria esposa como exemplo.

“Ela tem de entrar às 7h no trabalho. Não gosta da mudança porque tem de acordar às 5h30. Ainda está escuro quando ela sai.” Durante a fase de adaptação, Targino diz que é comum que ela chegue atrasada no trabalho, o que incomoda o chefe. “A impressão que dá é que as pessoas fazem muito sacrifício para pouca economia com a conta de luz”, pondera.

Funcionária de uma empresa que faz limpeza pública, Maria Lima diz que o tempo a mais de luz diurna do horário de verão a permite fazer, em casa, o que faz diariamente nas ruas da capital federal. “Passo o dia limpando as ruas, mas nem sempre tenho tempo para fazer a limpeza lá de casa”, diz ela, com vassoura e pá em mãos para limpar, diariamente, cerca de quatro quilômetros quadrados em uma região no centro de Brasília.

Empregado de uma empresa de construção civil, Wenderson Rosa sai de casa às 5h30 para trabalhar e diz não gostar nada do horário de verão. “Saio mais cedo, mas o serviço não rende tanto. Acaba que tudo fica mais corrido porque tenho de parar uma hora mais cedo.”

“Além do mais não vejo essa história de economia de energia. Muito pelo contrário. Como ainda está escuro quando saio, acabo tendo de acender as luzes lá de casa”, acrescentou.


Reavaliação


A justificativa para a adoção da medida ano após ano é o aproveitamento do maior período de luz solar para economizar energia elétrica. Em 2013, o País economizou R$ 405 milhões, ou 2.565 megawatts (MW), com a adoção do horário de verão. No ano seguinte, essa economia baixou para R$ 278 milhões (2.035 MW) e, em 2015 caiu ainda mais, para R$ 162 milhões. Em 2016, o valor economizado baixou novamente, para R$147,5 milhões.

Segundo o ONS, a redução na economia de energia com o horário de verão tem a ver com uma mudança no perfil e na composição da carga elétrica no país. Se antes o que determinava o horário de pico do consumo de energia era a incidência da luz solar, hoje é a temperatura. Com isso, o pico de consumo passou a ser entre 14h e 15h e não mais entre 17h e 20h.

Segundo o coordenador da Área de Regulação do Grupo de Estudos do Setor Elétrico da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Gesel-UFRJ), Roberto Brandão, a mudança no perfil de consumo de energia também está relacionada ao uso de aparelhos de ar-condicionado, que costumam ser ligados nos horários mais quentes do dia; e, por outro lado, à substituição de lâmpadas incandescentes por modelos mais econômicos, o que reduz o gasto de energia com iluminação.

Em agosto, o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), o ONS e o Ministério de Minas e Energia chegaram à conclusão que, por causa dessa mudança de perfil de consumo de energia, a adoção do horário de verão atualmente “traz resultados próximos à neutralidade para o consumidor brasileiro de energia elétrica, tanto em relação à economia de energia, quanto para a redução da demanda máxima do sistema”.

Apesar da indicação, o governo decidir manter o horário de verão este ano, mas para o período 2017/2018 a medida será reavaliada.




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