Menos de 20% das crianças de cinco a 11 anos foram vacinadas no Brasil

Menos de 20% das crianças de cinco a 11 anos foram vacinadas no Brasil

"Vacinômetro" aponta que foram aplicadas 3,7 milhões de doses para uma população estimada em 20 milhões nessa faixa etária

R7

publicidade

Mesmo com oferta de vacinas pediátricas contra a Covid-19, oficialmente o Brasil só registrou a imunização de menos de 20% do público de 5 a 11 anos, até esta segunda-feira. São 3,7 milhões de aplicações nessa faixa etária, embora os estados e o Distrito Federal tenham recebido cerca de 10 milhões de doses das vacinas da Pfizer e da Coronavac para a campanha infantil. 

As atualizações foram compiladas a pedido do R7 pelo Vacinômetro do Painel Covid-19 – Estatísticas do Coronavírus, plataforma criada pelo analista de sistemas e matemático Giscard Stephanou com base em dados do Ministério da Saúde e das secretarias de Saúde dos estados e do DF. 

O vacinômetro mostra que o número de crianças entre 5 e 11 anos que receberam a primeira dose até o momento corresponde a 18,25% da população estimada em 20,2 milhões nessa faixa etária. As unidades federativas que proporcionalmente mais vacinaram até o momento foram São Paulo, com quase 2 milhões de crianças imunizadas (49,34%), Distrito Federal (30,34%), Rio Grande do Norte (22,79%) e Espírito Santo (19,57%). 

Na outra ponta, entre os estados que menos aplicaram as vacinas estão o Amapá (1,08%), Tocantins (1,69%), Pará (2,14%), Sergipe (2,24%), Paraíba (2,53%) e Mato Grosso (2,53%) O recorte pela idade não foi compilado por dois estados, indicando que há subnotificação no registro de crianças vacinadas. São eles: Alagoas e Acre. Outras unidades, como Rio de Janeiro e Paraíba, relataram atrasos na inserção de dados. 

O médico Eduardo Jorge da Fonseca Lima, membro do Departamento Científico de Imunizações da SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria), afirma ter preocupação com a lentidão da vacinação infantil e lamenta que muitos pais e responsáveis ainda tenham receio de imunizar os filhos. "As vacinas são seguras e eficazes. Ainda que proporcionalmente menos atingidas do que adultos e idosos, as crianças também sofreram com a Covid, que matou mais do que a soma das doenças preveníveis, sem contar consequências da Covid longa", alerta. 

Lima afirma que parte dessa resistência tem como ponto de partida a própria mensagem do presidente da República, Jair Bolsonaro, que, em declarações públicas, frisa os efeitos adversos e se nega a vacinar a própria filha de 11 anos. "O governo precisa reforçar a importância da vacinação a todas as faixas etárias. É importante acelerar a campanha no Brasil, incluindo a essa população", completa.

Até o momento, o Ministério da Saúde distribuiu quase 10 milhões de doses de vacinas ao público de 5 a 11 anos. A pasta calcula que terá entregue vacinas suficientes para atender a toda a faixa etária nesta primeira quinzena. "Estamos trabalhando fortemente para antecipar as doses infantis. Até o dia 15 de fevereiro distribuiremos doses para vacinar todas as crianças de 5 a 11 anos", afirmou o ministro Marcelo Queiroga, nesta segunda. "Vamos continuar trabalhando para apoiar os estados e municípios para que as consequências dessa terceira onda sejam as menores possíveis para a sociedade."  


Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895