Mercado Público completa 153 anos comemorando reabertura do segundo piso

Mercado Público completa 153 anos comemorando reabertura do segundo piso

Festa teve distribuição de mais de 300 fatias de bolo que reproduziu a arquitetura do prédio tombado como Patrimônio Histórico e Cultural de Porto Alegre

Christian Bueller

Sopro das velinhas no bolo de um metro e meio de altura por 60 centímetros de largura

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Um metro e meio de altura por 60 centímetros de largura de baunilha, chantilly, recheio de chocolate e gotas de avelã. Tudo com a cara do Mercado Público de Porto Alegre, literalmente. Um dos espaços mais conhecidos da cidade completou, nesta segunda-feira, 153 anos com festa e um bolo que reproduziu a arquitetura do prédio tombado como Patrimônio Histórico e Cultural da Capital. Mais de 300 fatias foram distribuídas a mercadeiros e frequentadores em festa realizada no início da tarde, com participação da Banda Municipal.

Inaugurado em 1869, o Mercado, ponto de encontro tradicional e um marco econômico da cidade, testemunhou as mudanças de Porto Alegre e passou por diversas modificações em sua própria. E, da mesma forma, encarou infortúnios como a enchente de 1941, quatro incêndios (1912, 1976, 1979 e 2013), ameaças de demolição, além das pandemias – gripe espanhola e Covid-19 – que atrapalharam os negócios. No entanto, como destacou a presidente da Associação do Comércio do Mercado Público Central (Ascomepc), Adriana Kauer, o local renasceu mais uma vez. “Chegamos até aqui vencendo os mais diversos desafios. Para citar os recentes, nove anos à espera da reabertura do segundo andar”, lembrou, se referindo ao período em que o pavimento superior ficou fechado devido ao último incêndio. Os restaurantes neste piso reabriram em setembro. Aos pouco, o comércio em geral ocupará o espaço.

Outra novidade reforçada no evento foi a abertura do comércio do Mercado aos domingos, o que deve ocorrer ainda neste mês em um sistema de revezamento entre as bancas. Atualmente, alguns restaurantes já operam neste dia, medida que deve se estender aos demais. “Agradecemos aos permissionários e à iniciativa privada pela parceria em seguir o trabalho de forma conjunta para devolver o mercado à população. É uma história que seguirá sendo contada por parceiros, mercadeiros e tantos outros apaixonados pela alma da cidade”, discursou o prefeito Sebastião Melo, que também saudou a Banda Municipal, com quem cantou o “Parabéns a Você” para o local histórico aniversariante.

Segunda casa

Há oito anos como balconista da Banca 43, Cristiano Fontoura assim descreve o Mercado Público, onde chega às 6h e fica até o final da tarde, de segundas-feiras a sábados. “Significa muita coisa, é aqui que ganho o meu sustento para a minha família. É a minha segunda família”, contou, atento às apresentações durante a solenidade, antes de se voltar às especialidades da casa, bacalhaus e frios. Já Jonas Pappen está há mais tempo no espaço: são 21 anos de convivência com o local que também chama de segunda casa. “Eu e minha mãe, Maria, somos sócios, mas ela se aposentou, então agora está comigo”, diz o permissionário da Banca 25, especializada em produtos ligados ao tradicionalismo gaúcho. “Vivo mais tempo aqui do que em casa. Amo muito o que eu faço e o Mercado. Sou realizado trabalhando aqui”, completa.

Saboreando uma das fatias distribuídas, Beatriz Pinheiro, 75 anos, se disse frequentadora do Mercado desde que nasceu. “Sempre que venho no Centro, tenho que dar uma passada aqui”, revela. A confecção bolo contou com a colaboração da professora e confeiteira Ale Prado, do professor Odoaldo Rocheford e dos alunos de panificação do Instituto Federal do RS.


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