Mercado Público pode reabrir em uma semana, estimam comerciantes

Mercado Público pode reabrir em uma semana, estimam comerciantes

Laudo vai apurar se houve danos na estrutura do prédio

Correio do Povo e Rádio Guaíba

Dia é de limpeza no Mercado Público, após o incêndio da noite de sábado

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Após o incêndio que danificou o Mercado Público de Porto Alegre, ainda não há uma data para reabertura do prédio histórico e a retomada das atividades. Porém, a esperança dos permissionários é de que isso possa ocorrer parcialmente em uma semana.

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Inicialmente, apenas as bancas do andar térreo seriam abertas. Essa é a expectativa do presidente da Associação dos Permissionários do Mercado Público da Capital, Ivan Vieira. Ele ressalta, porém, que não se trata de uma projeção oficial. “Estamos trabalhando em conjunto para abrir o Mercado Público o mais breve possível, para minimizar ainda mais os prejuízos”, sintetizou em entrevista à Rádio Guaíba.

Após uma reunião com o secretário de Obras e Viação, Mauro Zacher, realizada na manhã desta segunda-feira, os permissionários aguardam um laudo estrutural que vai avaliar se as chamas danificaram a estrutura do prédio. Com isso, é possível garantir a segurança dos trabalhadores e frequentadores. “O Departamento Municipal de Água e Esgotos (DMAE) vai averiguar pra gente restabelecer água, pra fazermos a limpeza, a gente vai ter também um laudo da Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE), ver se o fogo atingiu a subestação, pra ver se dá pra restabelecer energia. A partir disso aí, a gente vai reabrir o Mercado Público de forma parcial”, detalhou Vieira.

O Mercado Público tem 110 lojas nos dois pisos e emprega cerca de mil pessoas. Logo no início da manhã, proprietários, trabalhadores e voluntários trabalharam na retirada de mercadorias que não foram danificados pelo incêndio. Um grupo de técnicos do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU) também foi escalado para limpar o edifício e retirar os escombros.

Executivo diz que PPCI tramita desde fevereiro

Ainda nesse domingo, o comandante do Corpo de Bombeiros de Porto Alegre, tenente-coronel Adriano Krukoski Ferreira, disse que o Mercado Público nunca teve Plano de Prevenção e Combate a Incêndio (PPCI). “Em 2007, advertíamos a falta. Não localizamos o plano até agora”, disse. Apesar de não haver o documento, o oficial afirmou que os bombeiros verificaram a existência de todo o sistema contra incêndios no prédio.

Porém, a Prefeitura de Porto Alegre informou,por meio de nota oficial emitida nesta segunda-feira, que o Laudo de Proteção contra Incêndio do Mercado Público foi apresentado na Secretaria Municipal de Urbanismo (Smurb) no último dia 3 de julho e recebeu um número de protocolo, que dá início à tramitação. Com isso, o projeto básico para elaboração do laudo e do PPCI estaria em andamento desde fevereiro deste ano. "Inicialmente, fazia parte de um projeto mais amplo que incluía a parte de manutenção", diz o texto.

Para agilizar o andamento, conforme o Executivo, o processo se restringiu à revisão de extintores de incêndio e à substituição das mangueiras do Mercado Público, além do laudo e do PPCI. "Os extintores estão em dia e as mangueiras foram todas substituídas, sendo utilizadas pelos bombeiros no combate ao fogo internamente", aponta a nota oficial.

O Laudo de Proteção contra Incêndio, que precisa ser aprovado pela Prefeitura da Capital, e o PPCI, a ser avaliado pelo Corpo de Bombeiros, foram elaborados pela Estinsul Equipamentos de Prevenção Contra Incêndio, contratada de forma emergencial para realizar o serviço. O laudo, relativo à edificação, foi protocolado para análise da Secretaria Municipal de Urbanismo e será analisado pela equipe técnica. O PPCI se refere a questões de dispositivos de segurança como extintores, mangueiras, sinalização, entre outros.

O Mercado Público

Inaugurado em outubro de 1869, o Mercado Público de Porto Alegre foi criado para abrigar o comércio de abastecimento da cidade. O local foi tombado como bem cultural em 1979 e passou por um processo de restauração entre os anos 1990 e 1997, o que garantiu ao lugar um espaço maior aos estabelecimentos comerciais, mas sempre manteve a concepção arquitetônica original.

O incêndio desse sábado não foi o primeiro enfrentado pelo Mercado Público. Em 1912, um sinistro destruiu os chalés internos. Em 1941, uma enchente atingiu o local e, 38 anos mais tarde, mais dois sinistros destruíram as dependências do estabelecimento que serve como cartão postal de Porto Alegre. O prédio chegou a ser ameaçado de demolição durante a administração de Telmo Thompson Flores. Na época, era cogitada a construção de uma avenida na área.

Na década de 90, quando passou por reforma, o Mercado Público recuperou a percepção visual das arcadas. O trabalho resgatou as circulações internas, criou novos espaços de convivência e implantou redes de infraestrutura compatíveis com o funcionamento do prédio. A nova cobertura que possibilitou a integração entre o térreo e o segundo pavimento.

No segundo pavimento, onde antes existiam escritórios e repartições públicas, diversos estabelecimentos como restaurantes e lancherias passaram ocupar o espaço e ganharam um lugar no Mercado Público.

Com nova infraestrutura, o cartão postal de Porto Alegre ganhou também um Memorial, além de duas escadas rolantes e dois elevadores. O custo da reforma ficou, na época, em R$ 9 milhões, sendo, 88% do orçamento da Prefeitura, e os demais 12% pelo Fundo Municipal do Mercado Público e doações diversas.

Com informações dos repórteres Karina Reif, Cláudio Isaías e Dico Reis

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