Metade das farmácias de Porto Alegre está sem distribuir remédios

Metade das farmácias de Porto Alegre está sem distribuir remédios

Problema ocorre por decisão que impede enfermeiros de fazerem entrega

Cláudio Isaias

Centro de Saúde Santa Marta teve registro de filas desde cedo

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Pelo menos 70 postos de saúde de Porto Alegre de um total de 141 não realizaram distribuição de medicamentos à população na manhã desta segunda-feira. Muita gente procurou as dez farmácias distritais de saúde onde os remédios estão sendo entregues por farmacêuticos.

No Centro de Saúde Santa Marta, desde cedo formaram-se filas para a retirada de medicamentos pela população. A dona de casa Jennifer Machado, moradora do Humaitá, disse que os dois postos de saúde do bairro não tinham farmacêuticos para entregar os remédios. “Precisei me deslocar até o Centro”, explicou.

A proibição decorre da decisão do Conselho Regional de Enfermagem do Rio Grande do Sul (Coren/RS) que desde o dia 29 de fevereiro não permite que a entrega dos remédios seja realizada por enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem nos postos de saúde. O secretário municipal da Saúde, Fernando Ritter, informou que a prefeitura entrará com uma ação judicial contra a decisão do Coren/RS. “Os profissionais de enfermagem estão dispostos a trabalhar, mas estão com receio de um processo ético por parte do conselho”, explicou.

Para Ritter, a decisão do Coren/RS prioriza a categoria em detrimento da população que utiliza o Sistema Único de Saúde (SUS) e depende dos medicamentos.

O presidente do Coren/RS, Daniel Menezes de Souza, explicou que a distribuição de medicamentos não é competência dos profissionais da enfermagem. “O nosso trabalho é realizar vacinas, curativos e fazer visitas domiciliares aos pacientes. Não é nossa tarefa fazer o trabalho de outros profissionais”, ressaltou.

Segundo Souza, existe hoje uma defasagem nos postos de saúde da Capital em mais de 300 profissionais da enfermagem e os que trabalham nas unidades básicas não podem ser desviados para fazer atribuições que não são de competência da categoria.

“O enfermeiro e o técnico de enfermagem estão deixando de fazer atividade de assistência de enfermagem, que é atender a população, com qualidade e segurança”, disse.

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