Metade das farmácias de Porto Alegre está sem distribuir remédios
Problema ocorre por decisão que impede enfermeiros de fazerem entrega
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No Centro de Saúde Santa Marta, desde cedo formaram-se filas para a retirada de medicamentos pela população. A dona de casa Jennifer Machado, moradora do Humaitá, disse que os dois postos de saúde do bairro não tinham farmacêuticos para entregar os remédios. “Precisei me deslocar até o Centro”, explicou.
A proibição decorre da decisão do Conselho Regional de Enfermagem do Rio Grande do Sul (Coren/RS) que desde o dia 29 de fevereiro não permite que a entrega dos remédios seja realizada por enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem nos postos de saúde. O secretário municipal da Saúde, Fernando Ritter, informou que a prefeitura entrará com uma ação judicial contra a decisão do Coren/RS. “Os profissionais de enfermagem estão dispostos a trabalhar, mas estão com receio de um processo ético por parte do conselho”, explicou.
Para Ritter, a decisão do Coren/RS prioriza a categoria em detrimento da população que utiliza o Sistema Único de Saúde (SUS) e depende dos medicamentos.
O presidente do Coren/RS, Daniel Menezes de Souza, explicou que a distribuição de medicamentos não é competência dos profissionais da enfermagem. “O nosso trabalho é realizar vacinas, curativos e fazer visitas domiciliares aos pacientes. Não é nossa tarefa fazer o trabalho de outros profissionais”, ressaltou.
Segundo Souza, existe hoje uma defasagem nos postos de saúde da Capital em mais de 300 profissionais da enfermagem e os que trabalham nas unidades básicas não podem ser desviados para fazer atribuições que não são de competência da categoria.
“O enfermeiro e o técnico de enfermagem estão deixando de fazer atividade de assistência de enfermagem, que é atender a população, com qualidade e segurança”, disse.