Ministro do TCU almeja concluir em maio concessão das rodovias federais no RS

Ministro do TCU almeja concluir em maio concessão das rodovias federais no RS

Bruno Dantas, que participou de encontro na Assembleia, ressaltou a complexidade do processo

Mauren Xavier

Bruno Dantas, que participou de encontro na Assembleia, ressaltou a complexidade do processo

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Em visita ao Rio Grande do Sul, o ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), Bruno Dantas, disse querer concluir em maio a tramitação do processo envolvendo a concessão das rodovias federais 101; 290; 386 e 448. Em encontro com o deputado estadual Gilmar Sossella e representantes de cidades e entidades atingidas pelas rodovias, na Assembleia Legislativa, Dantas fez alguns esclarecimentos e ressaltou a complexidade da concessão. No momento, o processo encontra-se no Ministério Público junto ao TCU para parecer. Ao ser concluído, seguirá para o relator, Dantas, que levará ao plenário do tribunal. Após essa tramitação, o Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil poderá lançar a licitação, prevista ainda para este semestre.



“O processo encontra-se em análise há um bom tempo. Fizemos uma série de apontamentos, como falhas e inconsistências, ao governo. A boa notícia é que a União já começou está alterando a sua proposta. Essa proposta tem a maior prioridade”, disse o ministro do TCU, reconhecendo a importância da proposta.

Segundo o auditor da Secretaria de Fiscalização de Infraestrutura Rodoviária e de Aviação Civil, Luiz Fernando de Souza, entre os pontos estava a necessidade da apresentação de garantias da empresa que assumir as rodovias sobre a execução dos investimentos previstos. Havia ainda questão sobre investimentos em travessias urbanas, logo porque cortavam municípios, o que poderia inviabilizar duplicações ou novas obras, sendo mais adequado que houvesse contorno da área mais urbana. Outro ponto específico dizia respeito à Freeway. Isso porque o projeto inicial não previa nenhuma melhoria no período de 30 anos, tendo em vista que seriam necessárias intervenções em dois a três anos. Ainda entre os apontamentos, citou Souza, estava o fato de que em caso de novos investimentos, os custos teriam que ser arcados pelos usuários, por meio das tarifas.

Durante a breve passagem pelo Estado, o ministro do TCU esteve ainda em trecho da BR 290, na entrada da cidade de Eldorado do Sul. No local, o prefeito Ernani Gonçalves, detalhou os problemas enfrentados pelo município em função da construção da rodovia. Isso porque a estrada cortou o fluxo do Guaíba, provocando nos períodos de chuvas intensas, alagamentos na cidade.

“É preciso fazer uma ponte para que o fluxo da água que provoca alagamentos pudesse sair mais rápido”, afirmou o prefeito. Depois, o ministro esteve na Arena do Grêmio, no bairro Humaitá. No local, o chefe de gabinete da presidência da Arena, Marco Bobsin, explanou sobre os problemas enfrentados pela ausência de uma saída direta para a 290 (freeway).

Atualmente, o fluxo que deixa a região precisa seguir um bom trecho da avenida Voluntários da Pátria para conseguir acessar a rodovia. A expectativa é conseguir a autorização para incluir essa saída no plano viário do entorno da Arena, disse Bobsin.

Ao concluir a visita, o ministro destacou que, mesmo que o TCU não tenha condições de alterar projetos ou apresentar prioridades para algum determinado ponto, as preocupações serão levadas em considerações e poderão ser incorporadas no relatório final.

A preocupação com o processo de concessão não poderia ser menor. São estradas que impactam diretamente em grandes cidades e no deslocamento de cargas, por exemplo, no caso da 101 e da 386. Há ainda o impacto social, como o investimento em melhorias poderá trazer maior segurança aos seus usuários. Essa é uma situação que espera-se ser amenizada com a duplicação de trecho da 386 entre Lajeado e Carazinho. "É um ponto crítico. Sem duplicação, os acidentes com vítimas fatais são frequentes. Ao mesmo tempo, é um importante elo de ligação da região Norte para escoar produções", explicou o presidente do Corede do Alto da Serra do Botucaraí, Idioney Oliveira Vieira. Nesta mesma linha, a coordenadora administrativa do Tecnovales, Cíntia Agostini, também enalteceu a relevância da obra. "É um investimento urgente", disse.

O vice-presidente de logística do Setcergs, Frank Woodhead, apontou algumas críticas em relação a proposta inicial de concessão, como os subsídios cruzados. Citou o caso da freeway, que corresponde a 19% da malha a ser concedida, porém será responsável por 42% do faturamento. “Acreditamos que o TCU fez um excelente trabalho e esperamos que consiga influenciar o ministério para fazer as alterações”, destacou.

Segundo o Sossella, a concessão das rodovias é um tema complexo e que, por ser um período de 30 anos, exige ainda mais atenção, porque refletirá na tarifa de pedágios. Ele enfatizou que por sua relevância, a preocupação é porque os erros terão efeitos de longo prazo para a sociedade.

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