Moradores de Candelária dizem não receber correspondências em dia
Com apenas três carteiros, município não consegue garantir entrega de cartas e contas
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Para a população dos bairros mais distantes do Centro, não resta alternativa a não ser procurar a unidade dos Correios na Rua 7 de Setembro e torcer para não encontrar filas. A empresa tem apenas metade do número de funcionários considerado ideal. Até outubro do ano passado havia quatro profissionais para o trabalho, mas um se aposentou e não houve a reposição.
No final do ano passado, a ECT fez um mutirão, com o deslocamento de oito carteiros de outros municípios, para colocar em dia a entrega das 40 mil correspondências. O procedimento ocorreu depois da Câmara de Vereadores fazer uma moção, em novembro, de apoio ao movimento do Sindicato dos Trabalhadores em Correios e Telégrafos do Rio Grande do Sul para a contratação ou transferência de carteiros para o preenchimento do quadro funcional na cidade.
O vereador Gilnei de Souza explica que houve uma reunião com o gerente local dos Correios, que informou que estava de “mãos amarradas”, pois o aumento no efetivo depende de decisão da diretoria da empresa. Com o retorno dos funcionários às suas unidades, a distribuição de correspondências voltou a atrasar este ano e, conforme informações de fontes internas da agência, atualmente há 10 mil itens em atraso.
Telefone cortado
Proprietário de uma estofaria no Centro da cidade, Julio Cezar de Souza, 46 anos, recebeu quinta-feira duas contas do mesmo telefone celular, uma com vencimento no dia 12 de janeiro e outra em 12 de fevereiro. Com o atraso no pagamento, o sinal foi cortado dia 12 de fevereiro. Ele afirma que a única forma de conseguir pagar os boletos em dia é ligar todos os meses para a operadora e solicitar o encaminhamento do código de barras por torpedo.
O mecânico aposentado Gelson José Brixner, 68 anos, afirma que as únicas contas que recebe em dia são da água e da energia elétrica, pois não são entregues pela ECT. Observa que já procurou correspondências na agência, mas algumas vezes os funcionários não conseguiram localizá-las, pois havia malotes de outras cidades ainda fechados.
O vereador Gilnei de Souza afirma que os carteiros que permanecem na agência sofrem com a pressão, pois os moradores cobram a entrega das correspondências. Eles chegam a levar pacotes com cartas para distribuição até mesmo quando estão a caminho de casa, após o expediente. Também observa que Candelária, com 31.407 habitantes, tem três carteiros, e Encruzilhada do Sul, com 25.647 moradores, possui sete. Afirma que a Câmara tentará agendar nos próximos dias audiência na gerência regional, em Porto Alegre.
MPF irá apurar o caso
O Ministério Público Federal (MPF) de Santa Cruz do Sul instaurou procedimento para apurar o caso. Como medidas iniciais, o procurador da República, Ricardo Gralha Massia, levantará informações para identificar as reais condições da agência e uma forma de melhorar a oferta de serviços ao usuário.
A ECT afirmou, por meio da sua assessoria, que a reposição de vaga para Candelária depende da realização de concurso. A agência tem efetivo previsto de quatro carteiros para atender a demanda. Conforme a ECT, com a saída do carteiro que se aposentou, a unidade tem recebido apoio de outras unidades. Em relação às correspondências em atraso, disse que há duas semanas a unidade ganhou apoio e colocou a carga em dia. A ECT ainda afirmou que realizou ações para manter a entrega regular, como o trabalho aos sábados. Neste final de semana haverá mutirão para regularizar a distribuição. Quanto à ação do MPF, os Correios ainda não receberam qualquer notificação.
