Moradores do bairro Glória convivem com esgoto há decadas
Forte odor e constantes transbordamentos de arroio são alguns dos transtornos, em Porto Alegre
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Moradora há 40 anos da rua Francisco Martins, a dona de casa Maria de Lourdes Nunes Figueiredo conta que a situação ficou mais dramática nas duas últimas décadas, em razão do aumento do número de moradores na região. “Os governos deveriam ter previsto que isso aconteceria e ter construído a infraestrutura necessária para que não vivêssemos nessa situação”, desabafou ela, que reside na casa com os filhos.
Maria de Lourdes relatou ainda que no inverno o principal problema é em relação aos transbordamento do arroio. “A água chega a invadir a casa”, contou. Já no verão, a situação muda, mas não para melhor. “O sol faz com que o cheiro do esgoto fique ainda mais forte. Não dá nem para abrir a janela, porque é insuportável”, atestou.
Morador da mesma região, Rogério da Silva afirmou que, apesar das reclamações dos moradores, nada mudou. “Moro aqui há 22 anos e nunca vi nada melhorar. Ao contrário, só dizem que vão fazer, mas nada sai do papel. A nossa maior preocupação é com a questão da saúde, já que o esgoto atrai ratos e baratas”, destacou.
A quantidade de lixo que é trazido pela água do arroio agrava ainda mais a situação. Os moradores relatam que frequentemente o Cascatinha fica entupido por móveis, incluindo armários de madeiras e colchões. Na maioria das vezes, os próprios moradores tomam a iniciativa e limpam o arroio para que os problemas não sejam maiores.
Moradora afirma que, no verão, não é possível nem abrir janela devido ao forte odor | Crédito: Pedro Revillion
Segundo o Departamento Municipal de Esgotos Pluviais (DEP), a área é considerada de difícil acesso e as residências estão localizadas em zonas impróprias. Mesmo para serviços de limpeza – para a retirada do entulho – ou desassoreamento do arroio existe dificuldade de acessar a região.
Já de acordo com o Departamento Municipal de Água e Esgotos (DMAE), o ideal é que seja construída uma galeria. Porém, para viabilizar a execução da obra é necessário que as casas no entorno sejam demolidas. Além disso, o empreendimento tem que ser aprovado no Orçamento Participativo, que destinaria recursos.