Morre em Porto Alegre o jornalista Benito Giusti

Morre em Porto Alegre o jornalista Benito Giusti

Jornalista, de 89 anos, trabalhou por mais de três décadas na Caldas Júnior

Jessica Hübler

Benito Giusti tinha 89 anos

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Aos 89 anos, completados em outubro, morreu nesta madrugada o jornalista Benito Giusti. Ele estava internado no Hospital Santa Rita no complexo Santa Casa de Misericórdia, no Centro Histórico de Porto Alegre.

Benito iniciou sua trajetória na Caldas Júnior, em 1949, atuando como revisor na Folha da Tarde. Até 1982, ano em que se aposentou, passou pela reportagem, foi editor geral, editor chefe e diretor de redação. Foi jornalista no Estado e Secretaria de Saúde, além de assessor na Assembleia Legislativa. Retornou à Caldas Júnior em 1986, por seis meses, quando foi convidado por Renato Ribeiro para fazer parte da equipe do Correio do Povo.

Benito era viúvo de Iltamar Testa de Giusti e deixa cinco filhos, cinco netos e três bisnetos. Entre os filhos, além de Lysianne Maria, Carlos Henrique, Anna Jamile e Luiz Benito, está o fotógrafo do Correio do Povo, João Ricardo Testa de Giusti, que seguiu os passos do pai - sua maior inspiração - no jornalismo.

Ricardo sempre estava presente na redação da Folha da Tarde, acompanhando Benito. Em 1986 começou a trabalhar no Correio do Povo, onde atualmente é Editor de Fotografia. O velório de Benito ocorreu na manhã de sábado, no Cemitério da Santa Casa, Capela 6. O sepultamento será no final da tarde.

O início da carreira de Benito, conforme recordou Ricardo, foi impulsionado pela amizade do pai com um funcionário da Folha da Tarde. “Um amigo do vô chamou ele, que tinha só 20 anos na época. Começou na revisão e depois foi convidado para começar na Redação”, detalhou Ricardo.

Durante os mais de 30 anos dedicados ao jornalismo na Caldas Júnior, Benito atuou em um caderno especial intitulado Folha Esportiva, dedicado exclusivamente ao esporte, com foco no futebol de várzea. “Por onde passávamos e falávamos do sobrenome, alguém perguntava o que nós éramos do Benito. Quando foi comprar um imóvel, o atendente no banco perguntou e eu disse que era filha. Ele então me contou que, quando era jogador amador, meu pai o tinha ajudado muito”, assinalou Lysianne.

Já no período da Ditadura Militar, Ricardo contou que Benito ficou encarregado de mediar os contatos entre a Redação e o Exército. “Ele era responsável pelo suplemento notícias militares”, detalhou, lembrando que Benito também se dedicou a cadernos do interior do Estado, dedicado a regiões específicas a cada publicação. Quando saiu da Redação em 1986 e não retornou mais, indicou a Renato Ribeiro, na época: “estou deixando meu guri aí”, referindo-se a Ricardo, que atua no Correio do Povo até hoje.


Foto: Alina Souza

Recordações de uma vida dedicada ao jornalismo

O bom humor incomparável, o fanatismo pelo Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense e a humildade eram características marcantes de Benito. Para seu velório, Ricardo preparou uma mesa de recordações para agradá-lo. No espaço era possível observar a primeira máquina de escrever de Benito, uma Olivetti Lettera 22 verde, além dos inseparáveis companheiros: um charuto e o cachimbo, uma marca registrada. Além disso, também estavam espalhadas diversas fotografias selecionadas com carinho, que eternizam recordações dos momentos de uma vida inteira dedicada ao jornalismo, e também das confraternizações entre amigos e família.

Ao lado do caixão estavam afixadas a página comemorativa de 120 anos de história do Correio do Povo e uma charge de Benito feita por Gilberto Perez em 1986. "Essa charge foi feita no curto período em que trabalhamos juntos", lembrou Ricardo. Um registro fotográfico no Restaurante Copacabana, local onde eram realizados tradicionais almoços e jantas da equipe, também estava na Capela 6. "Ele era impressionante, sempre sabia de tudo. Lia jornais, revistas e era um ouvinte assíduo de rádios", definiu Ricardo.

Em seus últimos momentos, quando já estava internado no Hospital Santa Rita, a filha Anna Jamile perguntava se estava tudo bem, se Benito sentia alguma dor. "Tá doendo alguma coisa, pai? E ele dizia: só quando o Grêmio perde", contou Anna. Segundo ela, mesmo no ambiente hospitalar, Benito exibia um bom humor único. A despedida no Cemitério da Santa Casa na manhã de um sábado chuvoso, reuniu os cinco filhos. O seputalmento ocorre às 17h.

Mesmo depois de aposentar a máquina de escrever e se desligar do Correio do Povo, Benito nunca deixou de sugerir pautas. De acordo com Ricardo, sempre que ele percebia algum acontecimento inusitado, apanhava um telefone e ligava para a redação. "Estava sempre ligado no que acontecia", afirmou.


Foto: Alina Souza

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