Morre terceira vítima de leishmaniose em Porto Alegre

Morre terceira vítima de leishmaniose em Porto Alegre

Capital encontra-se em situação de emergência epidemiológica devido a ocorrência da doença

Correio do Povo

Capital encontra-se em situação de emergência epidemiológica devido a ocorrência da doença

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A Secretaria Municipal de Saúde comunicou nesta terça-feira que a terceira vítima de leishmaniose visceral humana morreu nesta manhã. A idosa, moradora do bairro Jardim Carvalho, de 81 anos, estava internada no hospital Nossa Senhora da Conceição (HNSC). No ano passado, uma outra pessoa também morreu em consequência da doença.

Mais cedo, o Secretário Municipal de Saúde, Erno Harzheim, afirmou que Porto Alegre encontra-se em situação de emergência epidemiológica, devido à ocorrência de três casos em um ano de leishmaniose.
 
"A situação é crítica. Vamos esperar só mais alguns dias por uma proposta da sociedade civil. Senão, vamos seguir as determinações técnica do Ministério da Saúde para evitar que outras pessoas fiquem doentes", destacou em entrevista para a Rádio Guaíba nesta terça.

O principal foco do mosquito-palha, vetor da doença, concentra-se na zona Leste de Porto Alegre. Segundo Harzheim, o combate da leishmaniose torna-se mais difícil devido ao acesso à área silvestre. Medidas como educação ambiental, intensificação na coleta de lixo, melhoria da precariedade dos domícilios contribuem neste cenário preocupante. "Não temos como frear as pessoas que entram nessas áreas com a falta de espaço urbano. Falamos de algo muito desigual", afirmou o secretário.

Porto Alegre tem pequenas áreas silvestres que fazem fronteira com áreas urbanas, na maioria das vezes precárias. O mosquito gosta do lixo e do mato, alerta Harzheim, pois usa a matéria orgânica para a reprodução. Neste período, em decorrência dos casos, foram recolhidos mais de 30 toneladas de lixo na região do Morro Santana como medida preventiva da proliferação da doença.

Eutanásia

A eutanásia de cães, morte proposital e sem sofrimento, foi firmada entre partes do governo estadual e municipal como uma conduta técnica para frear a doença. Devido a movimentos pró-animais que criticam a prática, a medida foi suspensa temporariamente para um diálogo entre as partes. Para Harzheim, a conversa é importante neste contexto, mas a proposta de uma solução alternativa precisa interromper essa cadeia de transmissão e ser baseada em garantias técnicas. Atualmente, 33 cães infectados estão sob guarda do município e da Secretaria Especial dos Direitos Animais (Seda).

A Secretaria Municipal de Saúde tem uma proibição legal de usar qualquer recurso financeiro próprio para o tratamento dos animais, explica o secretário. "O recurso pode ser usado para tratamento de seres humanos. A hipótese de tratamento de cães é inviável, isto estaria dentro de uma improbidade administrativa", disse.

Segundo a especialista em patologia animal, Luciana Machado da Silva, quando o animal tem algum tutor, é possível utilizar outros métodos de diagnósticos: PCR, Imuno-histoquímica e a histologia. Para ela, seria interessante que a secretaria liberasse a realização da contraprova.

"A eutanásia dos cães em nada implica o risco a infecção por parte dos humanos. Quem faz a transmissão das doenças são os mosquitos. Não existe nenhuma precaução fazendo a eutanásia dos cães. Ou seja, o problema não está sendo resolvido", afirma Luciana.

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