Morte de cachorra agredida por segurança terceirizado de supermercado gera revolta

Morte de cachorra agredida por segurança terceirizado de supermercado gera revolta

Animal foi golpeado com barra de alumínio pontiaguda

R7 e AE

Animal foi vítima de maus-tratos por um segurança terceirizado

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Uma barra de alumínio pontiaguda foi o instrumento usado por um segurança terceirizado do supermercado Carrefour, de Osasco, na região metropolitana de São Paulo, para agredir no último dia 28 uma cachorra vira-lata que frequentava o local. O animal não resistiu aos maus-tratos e morreu no mesmo dia.

Imagens do circuito interno de segurança do supermercado mostram um segurança afastando o animal da entrada da unidade. Em seguida, é possível vê-lo com a barra de alumínio em mãos perseguindo a cachorra.

"As imagens mostram o segurança com a barra de alumínio na mão. A cachorrinha passa atrás do carro. Ele vai atrás e acaba desferindo os golpes contra ela", contou ao R7 o vereador Ralfi Silva (Podemos), presidente da Frente Parlamentar de Defesa e Proteção Animal da Câmara de Vereadores de Osasco.

A cachorra volta a aparecer instantes depois, já sangrando e buscando refúgio dentro da galeria de lojas do centro comercial. Após esse momento, testemunhas chamam o centro de zoonoses do município para resgatar o animal.

Em suas redes sociais, o vereador publicou uma imagem do instrumento utilizado para agredir o animal. Ele esteve na Delegacia de Investigações sobre Infrações Contra o Meio Ambiente, que instaurou inquérito para apurar o caso.

O agressor já foi identificado, mas ainda não compareceu à delegacia. O R7 buscou contato nesta quarta com a delegada Silvia Fagundes Theodoro, responsável pela investigação, mas ela não atendeu ao pedido de entrevista. Nesta terça, em comentário divulgado nas redes sociais da ativista Luísa Mell, a delegada afirmou que "não tem mais dúvidas" sobre a autoria do crime.

"A agressão ficou comprovada com essas imagens, não tem mais dúvidas. Esse segurança realmente agrediu o cachorro", disse ela, que prometeu apurar "toda a responsabilidade dos demais envolvidos".

O vereador Ralfi Silva, que acompanha o caso, afirmou que o agressor prometeu se apresentar até esta quinta-feira. Ele será enquadrado no artigo 32 da Lei de Crimes Ambientais, que pune quem pratica abusos a animais. Esse crime prevê pena de prisão de três meses a um ano, além de multa. O agressor não irá para a prisão e deverá ser punido com o pagamento de cestas básicas e prestação de serviços a comunidade.



Atendimento ao animal

Segundo a prefeitura de Osasco, o atendimento do centro de zoonoses da prefeitura ocorreu às 10h da manhã do último dia 28, cerca de 36 minutos após receber a chamada para "cachorro ferido e sangrando".

O animal deu entrada no serviço de emergência com anemia, pressão baixa, temperatura corporal muito baixa, vômito com sangue e escoriações múltiplas. "Apesar do tratamento instituído, o animal veio a óbito".

Inicialmente, o centro de zoonoses imaginava se tratar de um caso de atropelamento, o que levou à cremação do animal. Somente no sábado (1º), segundo nota da prefeitura, o Departamento de Fauna em Bem Estar Animal "passou a receber informações que se tratava de um caso de maus tratos e foi iniciado a apuração do caso com solicitação de inquérito policial", que foi instaurado no dia seguinte, domingo. "Somente o inquérito poderá indicar as causas da morte e a quem cabe a responsabilidade", diz a prefeitura.

O que diz o Carrefour

Em nota, o Carrefour declarou reconhecer "que um grave problema ocorreu na loja de Osasco" e vai reparar o dano. "A empresa não vai se eximir de sua responsabilidade." O professor de Direito e advogado Rafael Paiva disse que, em tese, o caso é crime de maus-tratos aos animais, previsto na Lei dos Crimes Ambientais. A pena prevista é de 3 meses a 1 ano de detenção, com aumento de um terço pela morte.

Ainda segundo o advogado, o Carrefour também pode responder pela ação de seus prepostos, se ficar comprovado que a ordem partiu de alguém com algum tipo de comando na loja.

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