Mortes mais que dobram e tropas federais vão para o ES

Mortes mais que dobram e tropas federais vão para o ES

Onda de violência ocorreu após PM ficar nos quartéis

AE

Além de homicídios, onda de violência atingiu comércio na Grande Vitória

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O Espírito Santo registrou pelo menos 58 homicídios entre o sábado e esta segunda-feira, após a paralisação do patrulhamento nas ruas, motivada pelos protestos de familiares de policiais militares, que cobram aumento salarial para a categoria. Os homicídios, mais que o dobro da média normal, envolveriam a disputa de espaço pelo crime organizado. O temor levou o comércio a fechar as portas, o início das aulas foi adiado, as ruas ficaram vazias e o governo do Espírito Santo pediu o apoio do governo federal. Tropas da Força Nacional e do Exército chegaram nesta segunda-feira ao Estado.

Segundo o Sindicato dos Policiais Civis (Sindipol), que levantou o número de mortes, a maior parte ocorreu em municípios da Grande Vitória, sobretudo Serra, Cariacica e Vila Velha. Em todo o primeiro semestre de 2016 no Estado ocorreram 604 homicídios e a média foi de 25 casos por fim de semana, segundo a Secretaria de Segurança Pública. À tarde, o governo informou que parte do efetivo já estaria voltando para as ruas.

Tráfico

Desde sexta-feira, porém, familiares de policiais ocupam a entrada de batalhões da PM, o que estaria impedindo a saída dos soldados para patrulhamento. Conforme o vice-presidente do sindicato, Humberto Mileip, os 58 mortos, em sua maioria, são traficantes. "A verdade é que grupos que dominam a venda de drogas na Grande Vitória estão aproveitando a falta de policiamento para ampliar os domínios", disse.

Conforme ele, os principais confrontos entre bandidos ocorreram em Central Carapina e Feu Rosa, na cidade de Serra. Todos os corpos foram levados para o Departamento de Medicina Legal de Vitória, que já encontra dificuldades para acondicionar os cadáveres.

A Secretaria de Segurança ainda não tinha, às 18h desta segunda, um balanço do total de ocorrências. Nas delegacias da capital, trabalhava-se com 12 homicídios no sábado e 37 no domingo. Foi elevado ainda o registro de tentativas de homicídio: 22 no sábado e 45 no domingo. O secretário, André Garcia, admitiu apenas "aumento expressivo na criminalidade".

Reforço

"Há uma situação de gravidade (em Vitória)", afirmou o ministro da Defesa, Raul Jungmann, em Natal, onde avaliava os resultados da Operação Potiguar 2, mobilização das Forças Armadas para conter a crise nos presídios. "Ainda hoje deveremos estar nas ruas da Grande Vitória cumprindo a determinação do presidente da República", completou pela manhã. À tarde, seguiu para Vitória.

O desembarque de 200 agentes da Força Nacional em Vitória ocorreu às 17h30min de ontem. O Exército se preparava para a ação em Vila Velha, às 19h. Segundo o ministro da Defesa, até 2 mil militares das Forças Armadas reforçarão o policiamento em Vitória e na região metropolitana. Esse efetivo deverá ser deslocado de outros comandos do Exército, da Marinha e da Aeronáutica do Espírito Santo e de estados vizinhos.

Questionado se esse recorrente emprego das tropas federais nas operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) nos Estados representava a falência da segurança pública, o ministro negou. "O que existe hoje é que o crime se nacionalizou. Nenhum governador pode ter o controle ou capacidade de resolver sozinho quando há uma crise."

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