Motoristas de aplicativo pedem reajuste das tarifas e protestam contra aumento dos combustíveis

Motoristas de aplicativo pedem reajuste das tarifas e protestam contra aumento dos combustíveis

Ato pelas ruas de Porto Alegre gerou congestionamentos em diferentes pontos da cidade

Cláudio Isaías

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Com a participação de mais 250 veículos, os motoristas de aplicativos realizaram ontem uma carreata pelas ruas de Porto Alegre. A manifestação da categoria pediu reajuste nas tarifas pagas pelas empresas e protestou contra o aumento no preço dos combustíveis. O ato pelas ruas da Capital gerou congestionamentos em diferentes pontos da cidade na manhã de quarta-feira. No Estado, além de Porto Alegre, houve mobilizações em Canoas, Eldorado do Sul, Guaíba e Caxias do Sul. Gabriela Pereira, integrante do Movimento Independente, disse que os profissionais da Uber, Cabify, 99 e Indriver estão há cinco anos sem aumento salarial. 

Na lateral de alguns veículos que participam da carreata, estavam frases como "Chega de exploração das plataformas de app", "Ajuste das tarifas Já" e "Fora Promo e Fora Poupa", além de bandeiras do Brasil nas janelas ou sobre os automóveis. 
Em Porto Alegre, os motoristas foram em carreata até a sede da Uber na avenida Carlos Gomes, na zona Norte da Capital. Os motoristas de aplicativos foram também até a sede do Palácio Piratini, na rua Duque de Caxias, e ao prédio do Ministério Público do Rio Grande do Sul, na avenida Aureliano de Figueiredo Pinto. 

O primeiro ponto de parada escolhido foi o prédio onde fica localizada a Uber. A escolha foi simbólica, pois a empresa é a única com escritório em Porto Alegre. O local estava fechado. Em frente ao edifício, sinalizadores foram acesos pelos manifestantes. Depois, o grupo seguiu até o Palácio Piratini, no Centro Histórico. A ideia dos manifestantes foi pressionar o governo do Estado em relação ao valor dos combustíveis. Sinalizadores também foram acesos em frente à sede do Executivo, e o Hino Rio-grandense foi cantado pelos manifestantes. O protesto encerrou na sede do Ministério Público. “Buscamos melhorias para a categoria, como o aumento das tarifas aos motoristas e o fim dos produtos Uber Promo e 99 Poupa. Os custos para manter a ocupação estão muito altos, com pouco retorno para os trabalhadores”, explicou Fábio Lima, do Movimento Independente.

Em 2015, o valor pago por quilômetro rodado aos motoristas era de R$ 1,25. Hoje, seis anos depois, os aplicativos pagam R$ 0,95 na Capital e R$ 0,90 na Região Metropolitana de Porto Alegre. No início havia um desconto de 25% nas corridas. Segundo Lima, agora o percentual de desconto oscila entre 25% e 40%. "Os custos aumentaram, mas a remuneração dos motoristas caiu. Estamos pagando para trabalhar", acrescentou. Conforme Gabriela Pereira, os motoristas de aplicativos sofrem com o aumento dos preços dos combustíveis. "Também temos o seguro dos veículos, o aluguel dos automóveis, a manutenção dos carros e rastreadores, o que resulta em um ganho ainda menor para os condutores", ressaltou. A paralisação de ontem dos motoristas de aplicativo foi a segunda em 2021. A primeira aconteceu no dia 23 de fevereiro. 

Em nota, a Uber afirmou que todo início de ano, o comércio é impactado pelo que os economistas chamam de sazonalidade. A Uber não é exceção. 

Em janeiro e fevereiro, há menos passageiros à procura de viagens, em comparação com novembro e dezembro - e isso está ainda mais acentuado neste ano, com o aumento das restrições relacionadas à pandemia da Covid-19. Para dar um exemplo: por causa da menor demanda, um parceiro que ganhou mais de R$ 7.850,00 em dezembro pode esperar uma queda de, em média, 25% em fevereiro, ainda que dirija o mesmo volume de horas. 

A empresa diz que no passado, a taxa da Uber era fixa em 25%. Em 2018, ela se tornou variável e passou a fazer parte da estratégia da Uber em oferecer descontos para os usuários de modo a incentivar que eles façam viagens. Há confusão entre os motoristas parceiros sobre o valor da taxa porque em algumas viagens ele pode aumentar enquanto, em outras, pode diminuir. Segundo a Uber, é por isso que todos os motoristas parceiros ativos recebem toda semana, por e- mail, um compilado sobre os seus ganhos. Nesse e-mail, é possível conferir quanto ele pagou de taxa Uber naquela semana. 

Com relação ao preço dos combustíveis, a Uber afirma que foge ao controle da empresa, mas diz entender a insatisfação e trabalha para ajudar os parceiros a reduzir gastos fixos. Por meio do programa de vantagens para parceiros, o Uber Pro, a empresa diz buscar parcerias como a do posto Ipiranga, que devolve aos parceiros da Uber 4% de todo valor pago em combustíveis usando o app Abastece Aí.

Com o Uber Pro, os parceiros ainda têm acesso à Vale Saúde Sempre, que dá descontos na rede particular de saúde e na compra de remédios. Em breve, o Pro também vai oferecer a Uber Conta, a conta digital do Digio que atualiza o saldo segundos após o fim de cada viagem, e o Uber Chip, o pré-pago da Surf Telecom que não desconta dados para navegação no Uber Driver, Waze e Whatsapp.

Com menos demanda, a Uber precisa se reinventar e criar mais oportunidades de ganhos. É por isso, diz a nota, que a Uber investe no UberX Promo, uma categoria que oferece viagens a preços 15% a 20% mais baixos e que só opera em horários em que os parceiros estão precisando esperar mais entre uma viagem de UberX e outra.  Os parceiros têm liberdade para decidir se querem ou não aceitar viagens de UberX Promo, mas quem aceita sabe que, com ele, o app não para de tocar.  E sabe que os usuários são, em sua maioria, pessoas que não usavam UberX com frequência, mas agora precisam pensar em fugir das aglomerações, na hora de se locomover.
 


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