Motoristas por aplicativo protestam contra descredenciamento de condutores

Motoristas por aplicativo protestam contra descredenciamento de condutores

Movimento reclama de “maus tratos” e reivindica reajuste das tarifas das corridas

Christian Bueller

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Cerca de cem motoristas de aplicativos promoveram um protesto em Porto Alegre, na manhã desta quarta-feira, contra o descredenciamento de condutores por parte da empresa Uber. Saída da avenida Antônio de Carvalho, a carreata passou pelas avenidas Bento Gonçalves e João Pessoa, Túnel da Conceição, avenida Mauá até chegar à Câmara de Vereadores. A categoria pede a aprovação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre o transporte por aplicativo na cidade.

O movimento, que reclama de “maus tratos” que diz sofrer pelas plataformas e reivindica reajuste das tarifas, seguiu durante o turno da tarde, quando cerca de 20 motoristas conseguiram autorizar para entrar na Câmara. “Fomos recebidos pela presidência da Casa que nos liberou para conversar com os vereadores e buscar apoio para a CPI dos aplicativos”, conta a presidente do Sindicato dos Motoristas de Transporte Individual por Aplicativo do Estado (Simtrapli-RS), Carina Trindade.

A entidade pleiteia 19 assinaturas a fim de dar suporte ao pedido de CPI, protocolado pelo vereador Jonas Reis (PT). “Uma investigação sobre os aplicativos é urgente, para que a relação com a prefeitura e a relação trabalhista com os seus colaboradores seja correta e digna”, referiu o parlamentar.

Sem emprego

Segundo Carina, mais de mil motoristas no Rio Grande do Sul – mais de 500 na Capital - foram descredenciados e, portanto, ficaram sem emprego. É o caso de Maurício Finardi, 43 anos, que já chegou a trabalhar mais de quinze horas seguidas em um dia para atingir a meta, mas que, com a alta do combustível, alega a inviabilidade de fazer uma corrida por menos de R$ 1 o quilômetro. “A tarifa mínima em Porto Alegre é de R$ 5,21. Se paga para trabalhar. Foi um banimento arbitrário e descabido. Tive Covid-19 em fevereiro, fiquei 54 dias hospitalizado. A empresa não pensa no pai de família”, afirma.

O motorista lembra que muitos colegas ficaram sem trabalho com a pandemia e fizeram do aplicativo sua renda primária. “Teve banido que entregou o carro, que entrou em depressão. É complicado”, lamentou. A falta do uso de máscaras de alguns passageiros também foi motivo para muitos cancelamentos de viagem, segundo o Simtrapli-RS, fato não levado em conta pela empresa, segundo o sindicato.

O Simtrapli-RS também se queixou da recusa da Uber em participar da mediação que ocorreria nesta quarta-feira entre a empresa e representantes de motoristas de aplicativo no Tribunal Regional do Trabalho (TRT). Um novo requerimento foi solicitado pela entidade junto à Justiça Comum Estadual do Rio Grande do Sul para que um encontro entre as partes aconteça.

Resposta da Uber 

Em nota, a empresa por aplicativo afirma que “dos cerca de 1 milhão de motoristas e entregadores parceiros cadastrados na Uber, 0,16% do total apresentaram —de maneira recorrente— comportamentos que prejudicam intencionalmente o funcionamento da plataforma. Com isso, atrapalham outros motoristas e usuários que apenas desejam gerar renda ou se deslocar”.

Ainda, a empresa se manifesta reiterando que “motoristas parceiros são profissionais independentes e, assim como os usuários, podem cancelar viagens quando julgarem necessário. Cancelamentos excessivos ou para fins de fraude, porém, representam abuso do recurso e configuram mau uso da plataforma, pois atrapalham o seu funcionamento e prejudicam intencionalmente a experiência dos demais usuários e motoristas”.

A empresa reitera que “o abuso no cancelamento de viagens não tem nada a ver com a liberdade do motorista parceiro de recusar solicitações. Na Uber, o motorista é totalmente livre para decidir quais solicitações de viagem aceitar e quais recusar. A conexão entre parceiro e usuário - quando nome, modelo e placa do carro são compartilhados e o usuário recebe a confirmação de que o motorista está a caminho - só ocorre depois do motorista ter conferido as informações da solicitação (tempo, distância, destino etc.) e decidido aceitar a realização da viagem”, conclui a nota.


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