Movimentos sociais defendem Estado laico

Movimentos sociais defendem Estado laico

Protesto transferiu local de debate sobre reforma política na AL

Bruna Cabrera

Cartazes e bandeiras foram vistos dentro e fora da Assembleia Legislativa

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O protesto que obrigou a transferência do debate sobre reforma política na Assembleia Legislativa (AL) teve diversas frentes na manhã desta segunda-feira. A Liga Brasileira de Lésbicas (LBL), Nuances, Juntos!, Movimento Mudanças e Levante Popular da Juventude protestaram contra o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ)

Ana Naiara Malavolta, feminista e ativista da LBL, reforçou a importância da manifestação. “Este governo usa a bíblia como regimento máximo, isso faz com que a Constituição perca força. Nosso País ainda é laico”, defendeu. Além dela, David Almansa, do Movimento Mudança, se mostrou contrário ao financiamento privado defendido por Cunha. Ele argumenta que a democracia precisa ser mantida cada vez mais nas mãos do povo.

Silvana Conti, também da LBL, e Célio Golin, do Nuances, concordaram que os movimentos sofrem com o fundamentalismo. “Ele, como religioso, é um grande retrocesso. Fere a Constituição”, disse Silvana. “Ele é tudo o que não presta, não nós”, reforçou Golin. “Mistura o público e o privado. Não podemos deixa que a nossa sociedade vire excludente”, concluiu.

Ao entrar no auditório, os gritos se juntaram e abafaram o discurso do presidente da Assembleia Legislativa, Edson Brum. O principal alvo da manifestação, no entanto, foi o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha . Pode-se ouvir gritos de “Fora Cunha” e “Eu beijo homem, beijo mulher, tenho o direito de beijar quem eu quiser” diversas vezes, já que o deputado é contra o casamento gay e o empoderamento da mulher.

“Cunha seu racista, tu é corrupto e ainda é moralista”, interrompeu diversas vezes o início do debate. Cartazes também defenderam a legalização do aborto. “Legalizar o aborto? É um direito”, “legalize o aborto já”, dizia. Deu certo. Brum não conseguiu falar. Ainda tentou convencer os grupos a se calarem e ameaçou expulsá-los do auditório, caso não deixassem o debate ter sequência. Com o apoio do público que se encontrava na área restrita, Brum ainda tentou diálogo, mas não conseguiu ter a palavra junto aos líderes dos movimentos. Depois de 30 minutos de atraso, o debate foi transferido e o acesso ao público ficou restrito.

Na saída, alguns membros dos grupos sociais reclamaram da falta de respeito dos seguranças com relação a pertences pessoais. Garrafas de água, lanches e até bandeiras teriam sido colocados no lixo. Ao pedir explicações para um dos seguranças, uma manifestante foi ignorada. 


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