Mulher espera por cinco horas para salvar mãe de cheia do rio Caí
Prefeitura de Montenegro estima que chuvas afetam 33% do total de habitantes da cidade
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A auxiliar de produção Elise Wadenphu foi uma das afetadas pelas chuvas. Mas além do drama da cheia, ela ainda precisou ajudar sua mãe, Maria de Jesus Gonçalves, que é cadeirante. Elise relatou que precisou aguardar quase cinco horas para retirá-la em segurança: “Pedimos socorro às 6h. Nosso medo era o barco virar, por isso esperamos um equipamento melhor vir”.
O segurança Leonardo Mosquer enfrentou a correnteza e, com a água batendo nos joelhos, certificou-se que se sua mãe estava bem. “Nossa casa é mais alta. O pátio foi tomado. Meu cunhado não teve tanta sorte. Tudo ficou molhado e eles passaram à noite em cima do telhado”, contou.
Muitas pessoas preferiram ficar em casa com medo de saques. O industriário Mario Holz não conseguiu convencer a mãe, Edela Holz, a deixar a casa. “Liguei várias vezes antes da enchente, mas ela quis proteger seus bens. Qualquer coisa os vizinhos estão prontos para ajudar”, disse.
No bairro Municipal, a dona de casa Bernadete do Carmo Figueiró relutou em sair do local onde mora mesmo com o Caí perto de invadir a sala e a cozinha. “Tenho receio dos fundos. Está tudo cheio da água e a parede ameaça desabar”, confidenciou.
Cheia do rio Caí é uma das maiores da década | Foto: Prefeitura de Montenegro / CP
Nível do rio se aproxima do registrado na maior cheia da década
Conforme o chefe de gabinete da prefeitura de Montenegro, Marcelo Silva, as medidas adotadas conseguiram reduzir os prejuízos. “Avisamos desde a manhã de quinta-feira sobre a cheia do Caí com carros de som. Adquirimos várias unidades de Kit Enchente e, mesmo assim, muitas pessoas insistiram em permanecer nas suas casas e o resgate só foi possível com barcos”, assinalou.
Os bairros Industriários, Olaria, Ferroviário, Municipal e Centro (parte baixa) foram os mais atingidos. A água atingiu 6,35 metros acima do nível normal às 9h30min. Em 2007, anos em que foi registrada a maior cheia da década na cidade, o rio chegou a 6,58 metros.