"Não sei o que é pior: perder os pais ou perder a pátria", afirma ucraniana em Canoas

"Não sei o que é pior: perder os pais ou perder a pátria", afirma ucraniana em Canoas

Nataliia Shvets Konrad participou de manifestação pela paz na Ucrânia

Giullia Piaia

A família de Nataliia ainda está na Ucrânia

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A comunidade ucraniana de Canoas, na região metropolitana da Capital, se reuniu novamente na Igreja Ortodoxa Ucraniana da Santíssima Trindade, no bairro Niterói, para pedir a paz na Ucrânia após a invasão russa, que começou no dia 24 de fevereiro. “De repente os estrangeiros podem achar ‘fica tranquila, você não está lá’, mas tudo que eu amo está lá”, relatou, emocionada Nataliia Shvets Konrad, ucraniana radicada no Brasil há oito anos. Nataliia se casou com um brasileiro com quem teve uma filha, também ucraniana, e esteve pela última vez em sua terra natal em outubro do ano passado. “Desde o primeiro dia eu penso, não sei o que é pior: perder os pais ou perder a pátria.”

A comunicação com o país do leste europeu é diária, Nataliia envia mensagens para amigos e parentes, para saber se estão todos vivos. Ela sonha em voltar a viver na Ucrânia e contava os dias para a próxima viagem. “Eu gosto do Brasil, adoro o povo brasileiro, mas eu me sinto ucraniana”, afirma. A guerra, que traz tanta angústia e medo para que os que têm conexões no país, para Nataliia, também mostrará a força de seu povo. “Um povo tão corajoso que vai ficar até o fim, até o último homem, eu tenho certeza. Eles estão na sua terra, protegendo seu país. Eu sempre tive, mas agora eu tenho mais orgulho de ser ucraniana.”

Além de manifestações pela paz, a comunidade organiza doações para refugiados ucranianos que estão chegando à Polônia. Segundo um dos líderes da comunidade, Alexandre Velychko, já foram mais de R$ 100 mil arrecadados. “Há também um grupo que está se preparando para receber refugiados aqui. Já temos famílias que estão de portas abertas para os ucranianos que chegarem em Canoas, para que se adaptar a uma nova vida”, explica. Haverá um almoço no dia 13 de março para arrecadar fundos para trazer esses ucranianos até o Rio Grande do Sul.

Nataliia também arrecadou dinheiro com vizinhos e amigos no Brasil, cerca de R$ 3 mil, montante que foi doado ao exército ucraniano. “Eu tenho amigos que estão na linha de frente. Eu não desejo a ninguém passar pelo que estamos passando.” A ucraniana deseja apenas o fim da guerra, com o mínimo de perdas possíveis e pediu boas energias e orações para o país dela. “Eu acredito que depois dessa guerra, o nosso povo vai ser mais unido ainda. Não existe um povo igual”, disse, chorando. “Depois, vamos ter que voltar lá para reconstruir meu país”, finalizou.


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