Nível do Guaíba sobe e famílias deixam suas casas na região das ilhas

Nível do Guaíba sobe e famílias deixam suas casas na região das ilhas

De acordo com a Defesa Civil, o acúmulo de água atingiu 1 metro

Jéssica Mello

Famílias foram levadas para abrigos

publicidade

O nível do Guaíba subiu rapidamente na madrugada de domingo e fez com que diversas famílias tivessem que deixar suas residências na região das ilhas. Até mesmo o pátio da Escola Estadual de Ensino Fundamental Alvarenga Peixoto, onde os 120 desabrigados estavam, na Ilha Grande dos Marinheiros, ficou alagado e as famílias precisaram ser levadas para o Ginásio Tesourinha. A mudança foi contrariada pelos atingidos, mas a Defesa Civil de Porto Alegre informou que o local estava insalubre para servir como abrigo.

O transporte foi feito por três ônibus da Carris e caminhões, que transportaram os colchões. Equipes da Defesa Civil, o prefeito José Fortunati e o vice Sebastião Melo acompanharam o processo. “Certamente não é o local adequado, mas é o que melhor oferece condições para abrigá-las com solidariedade”, ressaltou Fortunati. Ainda pela manhã, outras 50 pessoas da Ilha das Flores foram levadas ao Tesourinha. Na Ilha do Pavão, 30 estão alojadas em igrejas e escolas. A remoção das famílias seguiu durante a tarde.

De acordo com a Defesa Civil, o acúmulo de água atingiu 1 metro nas vias, permitindo a passagem apenas com botes. Moradora da Ilha Grande dos Marinheiros, local mais afetado até a manhã de domingo, Cintia Vilmara esperava a água chegar dentro da sua casa. “Estou apavorada, nunca vi nada igual. Minha casa é alta, mas está subindo muito rápido e agora a água já está no último degrau”, disse.

O maior receio dos moradores é com os saques enquanto não há ninguém nas residências. Vilmar Garcia tentava explicar para os agentes da prefeitura porque não queria ir para o abrigo na região central da cidade. “Minha esposa e o bebê ficam aqui (na escola), mas eu durmo em casa porque se não me roubam o pouco que me restou”, contou. Garcia saiu para trabalhar no sábado pela manhã e ao retornar, no final da tarde, a água já molhava alguns móveis.

O prefeito afirmou que a Guarda Municipal ficará monitorando a região com o apoio de lideranças comunitárias. “É sempre um perigo porque, infelizmente, elementos inescrupulosos acabam se aproveitando dessa situação”, lamentou. Durante a visita, foram muitas as cobranças aos gestores municipais. “Nós já propusemos a construção de moradias fora das ilhas. Eles não aceitam porque sua renda depende do local, por serem pescadores, por exemplo. Temos dificuldade para conseguir a liberação da Fepam para a construção de conjuntos habitacionais na ilha. Então, cria-se um impasse”, explicou Fortunati.

Na Ilha das Flores, a entrada estava alagada. Logo no início da via, Francieli de Oliveira chorava ao ver sua casa embaixo da água. “Acordamos com a água dentro de casa. Perdi móveis, máquina de lavar roupa e tem água no colchão”, disse. Francieli iria com a filha para a casa de familiares no Partenon. Cerca de 50 famílias daquela área esperavam o apoio da Defesa Civil. “Nós também precisamos de apoio”, falou.

O prefeito pediu que os moradores locais reduzissem o consumo de água, pois a bomba do Dmae estaria submersa e com dificuldades de bombear água para a região. “O que estamos vendo é um dilúvio. A quantidade de água que está chegando às ilhas é superior a enchente de 1971, que já foi grave. Estamos completamente cercados de água”, concluiu.

Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895