Nível elevado de internações em UTIs deixa SMS em alerta

Nível elevado de internações em UTIs deixa SMS em alerta

Especialista acredita que Capital atravessa platô da crise, mas reitera necessidade de cuidado por parte da população

Jessica Hübler

Na tarde desta sexta-feira as UTIs de Porto Alegre registravam 360 internações relacionadas à Covid-19, sendo 327 de pacientes confirmados e 33 suspeitos

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O cenário de estabilização nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) adulto de Porto Alegre vem sendo observado ao longo do último mês mas, conforme o coordenador de assistência hospitalar da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), João Marcelo Fonseca, ainda é preciso continuar em alerta por conta do platô em um nível elevado. "Estamos em um platô, essa é a resposta, não tenho dúvida disso, pois não seguimos aumentando na mesma velocidade que tínhamos até metade de julho, mas é um platô alto", define.

No início da tarde desta sexta-feira as UTIs de Porto Alegre registravam 360 internações relacionadas à Covid-19, sendo 327 de pacientes confirmados e 33 suspeitos. Essas internações representavam 49,11% do total de 733 pacientes nas UTIs. Conforme Fonseca, um período de estabilidade como o atual só foi registrado em maio, quando a Capital entrou na reta crescente da demanda por leitos de UTI com velocidade acelerada. "Na quinta-feira tivemos o número mais baixo desde julho e esta sexta-feira tivemos uma nova subida dos confirmados, mas na quinta tínhamos muito suspeitos. Nada nos garante que no final de semana haverá uma queda de novo", ressalta.

Segundo Fonseca, é cedo para uma posição otimista. "Não sabemos quando a demanda vai começar a cair de fato, estamos literalmente em semanas de oscilação, com altos e baixos. Só a subida ou a descida sistemáticas e consistentes, ao longo de diversos dias, poderão dar cofiança de afirmarmos se estamos baixando ou crescendo na demanda, por enquanto seguimos em uma reta horizontal", detalha. Mesmo assim, Fonseca assinala que a estabilização já causa certa tranquilidade.

"Quando a reta estava na vertical, apontada para cima, tínhamos uma situação de tensão, de possibilidade de extrapolar a nossa capacidade. Quando começa a horizontalizar, ou seja, uma demanda que aumenta menos e em velocidade menor, já é algo bom", diz. "Agora resta ver o que vai acontecer nos próximos dias", declara. Fonseca pontua que o platô é bom, considerando o que poderia ter acontecido, mas reforça que todos precisam continuar atentos aos cuidados.

"Não podemos relaxar, é preciso seguir com o distanciamento social, evitar contato físico, usar álcool em gel e lavar as mãos frequentemente, além de manter o uso das máscaras. Se a sociedade relaxar nisso e começar a fazer aglomeração, festa de aniversário, jogo de futebol entre amigos, aí mudamos fatores críticos que colaboraram para esse platô", declara. Se os cuidados da população retrocedem, conforme Fonseca, é muito provável que a circulação do vírus aumente. "Precisamos lembrar que o distanciamento não acaba com a pandemia, ele só ajuda a evitar que o sistema de saúde entre em colapso", enfatiza. 

Com relação às liberações que vêm acontecendo em Porto Alegre desde o início de agosto, Fonseca reitera que, até o momento, "nada na leitura da ocupação dos leitos de UTI indica que voltamos a ter avanço rápido do vírus". "Se isso acontecer, voltaremos a discutir tecnicamente com os tomadores de decisão". Além disso, Fonseca reitera que o fato de o sistema hospitalar não ter passado por um colapso "é um sinal de sucesso". "Estamos conseguindo garantir UTI de complexidade, quando necessário, para todos os pacientes que estão ficando doentes. O que podemos fazer do ponto de vista de gestão é navegar nessa faixa de segurança, onde ninguém que fique doente acabe falecendo por falta de assistência", pontua.


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