Nível elevado de internações em UTIs deixa SMS em alerta
Especialista acredita que Capital atravessa platô da crise, mas reitera necessidade de cuidado por parte da população
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O cenário de estabilização nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) adulto de Porto Alegre vem sendo observado ao longo do último mês mas, conforme o coordenador de assistência hospitalar da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), João Marcelo Fonseca, ainda é preciso continuar em alerta por conta do platô em um nível elevado. "Estamos em um platô, essa é a resposta, não tenho dúvida disso, pois não seguimos aumentando na mesma velocidade que tínhamos até metade de julho, mas é um platô alto", define.
No início da tarde desta sexta-feira as UTIs de Porto Alegre registravam 360 internações relacionadas à Covid-19, sendo 327 de pacientes confirmados e 33 suspeitos. Essas internações representavam 49,11% do total de 733 pacientes nas UTIs. Conforme Fonseca, um período de estabilidade como o atual só foi registrado em maio, quando a Capital entrou na reta crescente da demanda por leitos de UTI com velocidade acelerada. "Na quinta-feira tivemos o número mais baixo desde julho e esta sexta-feira tivemos uma nova subida dos confirmados, mas na quinta tínhamos muito suspeitos. Nada nos garante que no final de semana haverá uma queda de novo", ressalta.
Segundo Fonseca, é cedo para uma posição otimista. "Não sabemos quando a demanda vai começar a cair de fato, estamos literalmente em semanas de oscilação, com altos e baixos. Só a subida ou a descida sistemáticas e consistentes, ao longo de diversos dias, poderão dar cofiança de afirmarmos se estamos baixando ou crescendo na demanda, por enquanto seguimos em uma reta horizontal", detalha. Mesmo assim, Fonseca assinala que a estabilização já causa certa tranquilidade.
"Quando a reta estava na vertical, apontada para cima, tínhamos uma situação de tensão, de possibilidade de extrapolar a nossa capacidade. Quando começa a horizontalizar, ou seja, uma demanda que aumenta menos e em velocidade menor, já é algo bom", diz. "Agora resta ver o que vai acontecer nos próximos dias", declara. Fonseca pontua que o platô é bom, considerando o que poderia ter acontecido, mas reforça que todos precisam continuar atentos aos cuidados.
"Não podemos relaxar, é preciso seguir com o distanciamento social, evitar contato físico, usar álcool em gel e lavar as mãos frequentemente, além de manter o uso das máscaras. Se a sociedade relaxar nisso e começar a fazer aglomeração, festa de aniversário, jogo de futebol entre amigos, aí mudamos fatores críticos que colaboraram para esse platô", declara. Se os cuidados da população retrocedem, conforme Fonseca, é muito provável que a circulação do vírus aumente. "Precisamos lembrar que o distanciamento não acaba com a pandemia, ele só ajuda a evitar que o sistema de saúde entre em colapso", enfatiza.
Com relação às liberações que vêm acontecendo em Porto Alegre desde o início de agosto, Fonseca reitera que, até o momento, "nada na leitura da ocupação dos leitos de UTI indica que voltamos a ter avanço rápido do vírus". "Se isso acontecer, voltaremos a discutir tecnicamente com os tomadores de decisão". Além disso, Fonseca reitera que o fato de o sistema hospitalar não ter passado por um colapso "é um sinal de sucesso". "Estamos conseguindo garantir UTI de complexidade, quando necessário, para todos os pacientes que estão ficando doentes. O que podemos fazer do ponto de vista de gestão é navegar nessa faixa de segurança, onde ninguém que fique doente acabe falecendo por falta de assistência", pontua.