Negócio do surf movimenta cerca de R$ 5 bilhões no Brasil

Negócio do surf movimenta cerca de R$ 5 bilhões no Brasil

Gaúcho largou a mineração para ganhar dinheiro com o hobby

Karina Reif / Correio do Povo

Ivamar Marques largou carreira na mineração pelo surf e seus negócios

publicidade

Mais do que um esporte, o surf é um estilo de vida e um indutor da economia que movimenta cerca de R$ 5 bilhões no Brasil todos os anos somente com o mercado de confecção de equipamentos para a prática. Porém, a Federação Gaúcha de Surf (FGSurf) estima que os recursos que circulam por causa do esporte sejam ainda maiores, se forem considerados o turismo, o setor de hotelaria, alimentação e transporte. “As cidades litorâneas vivem da pesca e do surf nos meses de inverno”, afirma o presidente da entidade, Orlando Carvalho.

Segundo a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (ABIT), 15% do que é comercializado pelo segmento tem relação com a moda surf. No Rio Grande do Sul, a FGSurf estima que existam de 30 mil a 45 mil praticantes. Boa parte deles está em Porto Alegre, cidade, que apesar de não ter mar, carrega o título de capital com maior número de surfistas por habitante. “Em termos absolutos, só perdermos para São Paulo, que tem população maior”, afirma Carvalho. Ele calcula que haja mais de 250 mil simpatizantes no Estado, além dos praticantes. “São aqueles que surfam eventualmente e que curtem a moda praia e o estilo de vida”, explica.

”É um negócio extremamente importante para a economia do Estado. Leva muitas pessoas na baixa sazonalidade para a praia”, destaca o secretário estadual do Esporte e do Lazer, Kalil Sehbe. Por isso, ele afirma que o governo tem investido na modalidade e já colocou R$ 150 mil para incentivar eventos e outras ações relacionadas. “O esporte educa, dá limites, saúde física e mental”, destaca.

Assim como no Brasil, no Rio Grande do Sul, o surf é o segundo esporte mais praticado por homens, conforme a federação. “O surf está em uma crescente nos últimos anos. O surfista Gabriel Medina, de 20 anos, tem ajudado a impulsionar”, avalia. O atleta é o mais jovem brasileiro a ingressar no seleto ASP World Title (WT), restrito aos 36 melhores do mundo. Também foi o mais novo a vencer uma etapa do Mundial de Surf (ASP), com 15 anos. O Brasil está entre as três potências do esporte, junto com Estados Unidos e Austrália.

Conforme dados divulgados pela federação, com base em pesquisas do setor, 53% dos surfistas brasileiros, em 2010, eram dependentes dos pais e 47% independentes. A maior parte deles (40%) tem entre 20 e 30 anos. Cerca de 32% está na faixa de 11 e 20 anos, 16% têm entre 30 e 40, 7% mais de 40 e 5% entre 4 e 10 anos. “Os números no Rio Grande do Sul são bem parecidos”, garante Carvalho. Ele afirma que o perfil do surfista gaúcho é de pessoas ligadas às causas sociais, ambientais e da família. A previsão é de que siga crescendo o número de praticantes e a movimentação econômica relacionada ao esporte no Rio Grande do Sul.

Escritório na praia


Ivamar Marques, 50 anos, largou a carreira da mineração para tornar o hobby uma forma de ganhar dinheiro. Ele chama de “surfinanças” a administração de uma fábrica de pranchas, loja e outros serviços relacionados ao esporte. No verão, chega a vender 50 pranchas por encomenda ao mês. Já no inverno, o número baixa para três, mas é compensado pela comercialização de outros equipamentos e acessórios.

Como o esporte não fica restrito aos meses de calor, ele consegue garantir o sucesso das finanças. Além disso, pega a carona na moda praia, usada por simpatizantes da modalidade.

Ele se mudou para Imbé nos anos 1970 e montou uma oficina de pranchas com um amigo, que em seguida mudou para Florianópolis. Depois seguiu sua carreira na mineração, teve dez filhos e resolveu voltar para o litoral gaúcho, onde casou outra vez.. Como ele sabia que o negócio de surf dava dinheiro, resolveu voltar para a área. ”Surfista tem uma prancha para cada tipo de mar e costuma comprar uma nova a cada ano”, observa. Isso faz o mercado girar e as pessoas que trabalham com isso, faturarem.

Uma prancha tradicional custa em torno de R$ 700. Já uma funboard, indicada para iniciantes chega a R$ 1,1 mil. A modelo bolachinha, um pouco maior, custa R$ 1 mil. A mais cara é a de Stand Up Paddle, que é a nova moda nas praias e lagos: R$ 3,2 mil.

Bookmark and Share

Mais Lidas





Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895